O Arrebatamento de Acordo com as Escrituras

Paul N. Benware

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A remoção sobrenatural da igreja de Jesus Cristo para fora deste mundo é chamada de arrebatamento. O termo “arrebatamento” deriva do verbo “arrebatar”, usado em 1Tessalonicenses 4.17. Essa palavra denota um ato repentino e irresistível de carregar (algo ou alguém) pela força. Nessa passagem, o apóstolo Paulo ensina que os verdadeiros crentes em Cristo serão repentinamente arrebatados pelo poder de Cristo e o encontrarão nos ares. Essa ideia da remoção súbita do povo de Deus por meio de uma poderosa atividade divina não tem nenhum paralelo na literatura do Antigo Testamento. No Novo Testamento, várias passagens mencionam a vinda de Cristo para buscar sua igreja.

1. João 14.1-3. Na noite anterior a sua crucificação, Jesus contou aos seus discípulos que os deixaria em pouco tempo, o que romperia a sua comunhão física com eles. Essa revelação causou grande perturbação no coração e na mente de seus seguidores, mas Jesus prometeu então que retornaria para levá-los a um lugar de comunhão permanente, a saber, a casa do Pai. Jesus disse: “E, quando eu for e preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (v. 3).

Encontramos várias verdades importantes nesses versículos. Primeiro, Jesus foi literal e fisicamente para o céu e voltará da mesma maneira depois de ter feito os preparativos necessários. Não vai mandar um anjo, mas virá pessoalmente. Em segundo lugar, a promessa é dada aos seus seguidores, não à humanidade em geral. Jesus estava falando com seus discípulos, que também representam a igreja. Em terceiro lugar, ao retornar, ele levará seus seguidores para a casa do Pai, que é no céu. A promessa é que ele “levar[á]” a igreja ao lugar que preparou para a comunhão permanente. Essa promessa era uma revelação nova para os discípulos, pois eles estavam esperando o estabelecimento do reino na terra. A ideia de primeiro ir para o céu como comunidade do povo de Deus era uma verdade que Jesus ainda não tinha compartilhado com eles. Os discípulos aprenderam que eles (a igreja) não ficariam nesta terra, pois a terra não é a esperança da igreja. João 14 traz a primeira menção ao evento do arrebatamento nas Escrituras.

2. Tito 2.13. De acordo com essa passagem, a esperança futura do crente é o retorno do Senhor Jesus em glória. O cristão deve viver na expectativa do momento em que Cristo aparecerá. Deve permanecer aguardando o retorno do Senhor Jesus e não ficar esperando pela tribulação ou outro evento.

A esperança futura do crente é o retorno do Senhor Jesus em glória.

3. Filipenses 3.20. Paulo informa aos crentes de Filipos que eles serão levados à sua real pátria (o céu) no momento do arrebatamento, quando o Senhor Jesus aparecer. Nessa ocasião, o corpo físico deles passará por uma mudança operada pelo poder do Senhor, e eles receberão um corpo como o de Cristo.

4. 1Coríntios 1.7. Na abertura dessa carta, o apóstolo Paulo exorta os cristãos coríntios a viver de forma consagrada à luz da vinda do Senhor Jesus. O apóstolo João também usa a vinda do Senhor para motivar os cristãos ao serviço santo e dedicado em 1João 3.1-3.

5. 1Coríntios 15.51-53. Nessa importante passagem sobre o arrebatamento, Paulo diz que a verdade do arrebatamento é um mistério. “Eis que eu digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta” (v. 51-52). A palavra “mistério” é usada várias dezenas de vezes no Novo Testamento e refere-se a segredos divinos recentemente revelados, que não eram conhecidos no passado e que não poderiam ter sido descobertos sem revelação divina. A igreja em si é chamada de mistério; portanto, verdades e acontecimentos relacionados à igreja às vezes são qualificados como mistérios.

Sabemos que a ressurreição do corpo não era um mistério, já que as Escrituras do Antigo Testamento falam da ressurreição física de fiéis. Também não era mistério que haveria crentes na terra quando o Senhor retornasse. O mistério encontrado nessa passagem é a verdade de que alguns fiéis não experimentarão a morte, mas serão arrebatados para se encontrar com o Senhor em um corpo transformado e imortal. A ideia de receber um corpo de ressurreição sem morrer antes era uma verdade nova, jamais declarada anteriormente.

6. 1Tessalonicenses 4.13-18. Sem dúvida, essa é a passagem principal sobre o arrebatamento da igreja. Ela contém muitos fatos e detalhes necessários para obter entendimento a respeito dessa importante verdade. Esses seis versículos afirmam:

“Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com essas palavras.”

Algumas implicações do arrebatamento antes da tribulação

Para concluir, é preciso destacar três pontos de natureza prática.

Em primeiro lugar, os escritores do Novo Testamento sempre discutiram o arrebatamento no contexto de uma vida cristã piedosa. A realidade do arrebatamento deveria produzir mudanças na forma em que os cristãos pensavam e viviam. A verdade sobre a volta do Senhor deveria ajudar os cristãos a se tornarem mais amorosos, diligentes, generosos e justos, menos influenciados pelo pecado e pelo sistema mundano de Satanás. Em toda a nossa discussão e análise teológicas sobre o arrebatamento (por mais importantes que sejam), o resultado final deve ser um movimento em direção a uma maior piedade em nossa vida pessoal.

O segundo ponto é um lembrete aos pré-tribulacionistas de que o arrebatamento é um evento não precedido por sinais; portanto, não devemos ficar procurando por pistas. A tola prática de fixar datas e o hábito de ver o cumprimento de profecias em eventos atuais precisa parar. Isso trouxe prejuízo a muitos filhos de Deus, lançou suspeitas sobre a Palavra do Senhor e provocou vergonha considerável à causa de Cristo. Interpretar determinados eventos ou situações como preparativos possíveis para o cumprimento de profecias é legítimo, mas afirmar que certo acontecimento é cumprimento de profecia (sem uma validação direta por parte de Gabriel ou de outro mensageiro celestial) não é correto. Precisamos ser cuidadosos e sábios na forma de interpretar os eventos em nosso mundo e na forma de relacioná-los à Palavra inspirada de Deus.

A tola prática de fixar datas e o hábito de ver o cumprimento de profecias em eventos atuais precisa parar.

Um terceiro ponto está relacionado à acusação levantada por alguns opositores da perspectiva pré-tribulacionista de que ela fomentaria uma mentalidade escapista e irresponsabilidade social. É difícil responder a uma acusação assim porque ela contém uma mistura de verdades e erros. Talvez seja verdade que algumas pessoas desenvolveram uma “mentalidade de bunker”, retraindo-se da vida à sua volta e esperando desesperadamente que o arrebatamento venha arrancá-las de todos os seus problemas e misérias. Mas essa atitude certamente não é uma característica generalizada dos crentes pré-tribulacionistas que, ao longo dos anos, serviram a Cristo e ao próximo de forma eficiente e fiel. Também não era a postura dos escritores do Novo Testamento, que entendiam a vinda do Senhor a qualquer momento como um forte incentivo à ação. Essa verdade dinâmica motivava-os a estender a mão aos outros de várias formas. Capacitava-os a levarem uma vida vibrante e útil, a despeito do sofrimento e da dor. O apóstolo Paulo, por exemplo, estava tomado do desejo de ver Cristo e ficar vivo para participar do arrebatamento, e, mesmo assim, gastou sua vida em “labuta e trabalho” enquanto servia a Cristo com todas as suas forças.

O arrebatamento deve moldar a vida dos cristãos de hoje da mesma forma. O retorno do Senhor a qualquer momento deveria nos encher de ímpeto para servir com fidelidade e entusiasmo, porque o Juiz está, neste momento, parado à porta com a mão na maçaneta. Maranatha!

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Paul N. Benware (Th.M., Dallas Theological Seminary; Th.D., Grace Theological Seminary) lecionou em muitos seminários e universidades, dentre eles o Moody Bible Institute e o Los Angeles Baptist College (atual The Master’s College). Autor de sete livros, Benware também contribuiu em outros livros e publicou artigos em diversos jornais e revistas. Ao longo de seus anos ensinando em sala de aula, continuou envolvido na igreja local, muitas vezes na posição de pastor. Benware vive com sua esposa, Anne, em Litchfield Park, Arizona. Eles têm quatro filhos e seis netos.

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