O Deus da Esperança

Norbert Lieth

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O hinduísmo precisa de aproximadamente seis mil deuses para oferecer um pouco de esperança, que, apesar de tudo isso, acaba se esvaindo e se perdendo. A maior esperança do budismo termina, se tudo correr bem, no nirvana, ou seja, na dissolução total, na inexistência. Os muçulmanos depositam sua esperança em um Deus imprevisível que não transmite nenhuma certeza, mas que, apesar de todos os esforços, pode acabar por lançá-los no inferno. As pessoas do mundo ocidental creem em portadores de sorte como figas, cristais e pendentes oferecidos nas lojas na virada do ano. Hoje muitos acham que nossa esperança reside no combate militante às mudanças climáticas, em uma mudança radical na alimentação ou numa vida com neutralidade de dióxido de carbono.

Tive acesso a um interessante artigo de Markus Baumgartner no qual ele cita o filósofo e autor suíço René Scheu, que escreve: “Quem crê em Deus despede-se de fantasias baratas de salvação humana [...] e crenças de praticabilidade, porque ele confia que [...] está salvo, ou seja, que será libertado de todo mal, tendo a vida eterna [...]. Quem então está mais esclarecido aqui? Os crentes em Deus que desenvolvem humildemente sua própria pessoa e mantêm a esperança de que ao final tudo acabará bem [...] ou os que querem redimir a si próprios por sua própria justiça e que desprezam todos que não tenham como eles a convicção de que, sem eles, o mundo caminha para a ruína?”.

Ne internet, a fé é definida inclusive como uma crença ou expectativa de um evento desejado para o futuro, sem que haja certeza de se realmente ocorrerá. Como é diferente o Deus da Bíblia que se revelou em Jesus, conforme vemos em Romanos 15.13!

“O Deus da esperança...”

Não se diz “um Deus da esperança”, mas “o Deus da esperança”. Só existe um Deus que realmente transmite esperança. Por isso não existe esperança onde Deus não estiver presente: “Não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios 2.12).

Pode ser que exista uma estratégia de sobrevivência, mas nenhuma esperança sustentadora – algo para ganhar tempo, mas nada que dê sustentação na travessia. Por mais amarga que seja, é verdadeira a frase que diz: “O que não nos sustenta na morte, também não sustentou na vida”.

Somente o Criador conhece todos os contextos até o mínimo detalhe. Só ele conhece cada alma até os recônditos mais profundos e só ele sabe de todas as carências. Todas as religiões ou ideologias já mencionadas têm em comum que geram medo e não oferecem perspectivas nem esperança.

A esperança proveniente de Deus é como uma ponte que conduz à outra margem, ou como uma placa que aponta a direção para o destino.

De que adianta o melhor vento quando não se conhece o porto aonde se quer chegar? “Ficam envergonhados por terem confiado; quando chegam ali, ficam decepcionados” (Jó 6.20). Com o Deus da esperança, a situação é bem diferente. Ele é chamado de Deus da esperança por oferecer uma esperança sustentada com uma perspectiva maravilhosa. A esperança proveniente de Deus é como uma ponte que conduz à outra margem, ou como uma placa que aponta a direção para o destino.

A esperança bíblica fundamenta-se na existência de Deus, o Deus da esperança. Tão certo como ele existe, tão certa é a esperança que ele oferece. Por isso, o apóstolo Pedro a chama de “esperança viva”, porque ela também se fundamenta na ressurreição de Jesus: “Nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pedro 1.3). Ela é tão viva quanto Jesus está vivo, e ela nos é reservada no céu. Jesus é quem garante a nossa esperança.

“Encha vocês...”

Toda pessoa busca satisfação. Onde não houver satisfação, haverá um vazio, insignificância e falta de sentido. A história da humanidade está caracterizada por um grande anseio. Todos os vícios são expressão desse anseio. O homem busca satisfação nos lugares errados. Agarra tudo que poderia lhe dar satisfação, mas sempre agarra o vazio enquanto não estender a mão para Deus. Fixa-se em caminhos em vez de fixar-se no Senhor Jesus.

Existem programas de TV com títulos como “Adeus, Alemanha” ou “Suíços emigrantes”. Os protagonistas desses shows pensam encontrar satisfação ao demolirem pontes atrás de si e começarem coisas novas. Todavia, a maioria se decepciona depois de algum tempo. Os problemas os acompanham e a satisfação que buscam torna-se um pesadelo.

Algum dia, todos seremos tranquilizados a respeito das nossas dúvidas, medos e sofrimentos, e teremos de reconhecer que o Onipotente fez tudo bem.

No que consiste a satisfação que Deus provê?

“De toda alegria...”

Sobre a alegria que o mundo oferece, o dr. Klaus Eickhoff escreve: “O homem foi criado para se alegrar [...] O que é isso? Um anseio sem par nos impele para a alegria. Agarramo-la, possuímo-la e nos alegramos. Mas a certa altura ela nos escapa, e o que resta é lamento pela alegria perdida. [...] Ela é uma bela fogueira com a qual a pessoa se aquece. Aos poucos, porém, o fogo se apaga e a pessoa fica lá passando frio [...]. As alegrias da nossa vida são diminutas demais para nos alegrarem definitivamente”.[1]

Por que o ser humano tão tem uma alegria sustentável? Porque existe o pecado que nos rouba todas as alegrias. Por isso vivemos em um mundo miserável, um mundo confuso, em um mundo sem alegria e sem paz.

O escritor Carl Goetz disse: “Instrução temos suficiente. O que nos falta é alegria. Nossa necessidade é de esperança. Carecemos de confiança”.

Quando Jesus nasceu, proclamou-se: “Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa-nova de grande alegria” (Lucas 2.10). Cerca de 33 anos depois, um dia antes de sua morte, Jesus pronunciou esta esperançosa oração: “Mas agora vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos” (João 17.13). Não se trata aqui de uma alegria qualquer, emocional e passageira, mas da alegria dele.

Jesus é a sabedoria de Deus personificada, por meio da qual tudo foi criado. Essa sabedoria fala sobre si mesma e diz: “Eu estava com ele e era o seu arquiteto. Dia após dia eu era a sua alegria, divertindo-me em todo o tempo na sua presença” (Provérbios 8.30).

A alegria de Jesus, a alegria plena, a alegria permanente, a alegria nele – resiste mesmo em meio a crises. Ela é uma alegria sustentadora, a alegre confiança que Jesus tinha em seu Pai divino. Trata-se de uma alegria pela expectativa eterna, a alegria do perdão, da qual o nosso Senhor não necessitava, mas que criou para nós. É sua alegria da esperança plena, e que deve ser também a nossa alegria.

“E paz na fé que vocês têm...”

Onde a alegria se instala, também há paz. Consta que o mundialmente famoso ator Denzel Washington crê na Bíblia. Respondendo à pergunta do que significa para ele ter sucesso, ele respondeu: “Sucesso? Não sei o que essa palavra significaria. Estou feliz. Mas ‘sucesso’ é basicamente aquilo que alguém enxerga nisso. Para mim, o sucesso é simplesmente a paz íntima”.

E no que consiste então essa paz? Na certeza de que o nosso Redentor vive e que tudo terminará bem. O grande sofredor Jó testemunhou: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). Jesus permanecerá até o fim. Sua obra redentora transcende todas as mudanças dos tempos e no fim triunfará. Quando todas as seduções acabarem, quando todos os príncipes demoníacos tiverem sido eliminados, quando o que é antidivino tiver de reconhecer sua derrota, quando o sofrimento e o luto terminarem, Jesus estará presente como o Último e estará exaltado acima de tudo.

Schlachter e Lutero traduzem Jó 19.25 como: “Por fim ele se elevará sobre o pó”. Quando tudo tiver se tornado pó, o Senhor continuará presente. Por isso, Deus alerta Jó para algo no meio do sofrimento dele: “Seus olhos a avistam de longe” (Jó 39.29). Ele está falando da águia. Ela enxerga longe. É nisso que reside o cuidado espiritual, e devemos aprender com isso a olhar para além do imediato, visando o alvo final.

Assim, mais tarde, Jó reconhece: “Mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6). Vemos então como Deus atinge seu objetivo com todos, com Jó, com os amigos dele e com sua esposa.

Algum dia, todos seremos tranquilizados a respeito das nossas dúvidas, medos e sofrimentos, e teremos de reconhecer que o Onipotente fez tudo bem. E no final, sim, no final, o Senhor esperará por nós em seu reino. “Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Eu o verei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade o meu coração desfalece dentro de mim” (Jó 19.26-27).

Deus nos comunica por meio de Jó que:

– O nosso redentor vive;

– Quando toda inimizade contra Deus estiver extinta, o Senhor continuará presente;

– Virá o dia em que, livres da carne da nossa vida terrena, veremos o nosso Redentor;

– Não seremos estranhos para ele;

– E já podemos agora ansiar por isso.

Isso é esperança!

Todavia, para atingir essa confiante alegria e essa paz, há necessidade de fé: “Encha vocês de toda alegria e paz na fé”. A fé é o acesso à esperança. A fé contempla essa esperança. “Jesus Cristo, pelo qual obtivemos também acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5.1-2).

Onde Deus não estiver presente, não existe esperança. Onde, porém, ele estiver, somos abundantemente presenteados com esperança.

Jutta Metz disse: “Somente a fé pode proporcionar essa profunda paz íntima que provém da consciência de sabermos que Deus nos aceitou”.

“Para que sejam ricos de esperança no poder do Espírito Santo”

Onde Deus não estiver presente, não existe esperança. Onde, porém, ele estiver, somos abundantemente presenteados com esperança. Aí nos tornamos bilionários da esperança. Essa esperança consiste de três palavras: “Cristo em vocês, a esperança da glória” (Colossenses 1.27).

Jesus Cristo é essa esperança em pessoa. Cristo nos insere na glória de Deus, na infinita, eterna e inalterável glória que não será mais turvada por nenhuma sombra.

Nota

  1. Hartmut Jaeger, Diagnose: Hoffnung (Dillenburg: CV-Dillenburg, 2020), p. 76,78,79.
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Norbert Lieth nasceu em 1955 na Alemanha, sendo missionário na América do Sul entre 1978 e 1985. Casado, tem 4 filhas. Hoje faz parte da liderança da Chamada da Meia-Noite em sua sede, na Suíça. O ponto central de seu ministério é a palavra profética, sendo autor de diversos livros e conferencista internacional. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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