Os Três Cordões da Revelação de Deus

Glenn R. Kreider e Michael J. Svigel

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Em nosso diálogo a respeito de Deus, suas obras e seu agir, precisamos ouvir e responder – de forma humilde e pronta – à revelação divina. A rigor, temos uma fonte de verdade revelada – Deus. No entanto, essa revelação divinamente originada chega a nós de três formas distintas, mas inseparáveis, que podem ser imaginadas como um cordão trançado com três fios: a Palavra ao Mundo, a Palavra no Mundo e o Mundo da Palavra.[1] Vamos apresentar cada um deles separadamente.

A Palavra ao Mundo

A Escritura é o tema central do diálogo teológico. Como protestantes conservadores, confessamos a centralidade da Escritura no método teológico. A Escritura não é a única forma que Deus escolheu para se revelar soberana e graciosamente à humanidade; a própria Bíblia descreve outros recursos que Deus usa para revelar verdades ou manifestar seu poder, glória ou vontade – Jesus Cristo, a criação, a consciência, anjos e visões. No entanto, a maioria das questões doutrinárias e práticas que dizem respeito à teologia cristã – isto é, tudo o que pode ser expresso em forma de pergunta – é, com frequência, tratado mais diretamente na Escritura. Na verdade, ela foi dada expressamente “para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”, de forma que o cristão possa ser “plenamente preparado para toda boa obra” (2Timóteo 3.16-17). Nesse mesmo contexto, o apóstolo relembra Timóteo de que este aprendeu, desde a infância, que o propósito da Escritura é “torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Timóteo 3.15).

Em sua carta aos Romanos, Paulo expressa isso da seguinte forma: “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.21-24). Assim, o propósito da Escritura não é ser a única fonte de conhecimento a respeito de Deus, mas a fonte de respostas para as nossas necessidades mais profundas. A resposta para a pergunta: “Como uma pessoa injusta pode se reconciliar com Deus?” aparece apenas nas Escrituras.

Às vezes ouvimos pessoas descrevendo a Escritura como a “autoridade máxima” da teologia ou a “autoridade definitiva” em questões de fé e prática. No contexto apropriado, essas descrições estão corretas.[2] Por exemplo, se compararmos a Escritura com – digamos – algum decreto papal, as determinações de um concílio medieval, a declaração de um corpo de anciãos, o relatório de um painel científico ou o posicionamento oficial de um grupo de teólogos, as palavras inspiradas da Escritura têm “autoridade máxima”, independentemente do tipo de autoridade relativa que essas outras pessoas ou grupos tenham.

Mas se colocarmos a Escritura ao lado da revelação de Deus em Jesus Cristo (a Palavra no Mundo) ou da revelação divina na criação (o Mundo da Palavra), seria absurdo jogar todos esses meios da autorrevelação de Deus uns contra os outros. Não importa se Deus está se revelando por língua de sinais, discurso oral, palavra escrita, uma árvore que dá sombra ou uma supernova em explosão – ele está se revelando. E toda manifestação de Deus – clara ou não para o observador – é verdadeira, autêntica, autorizada e vinculativa.

Não importa se Deus está se revelando por língua de sinais, discurso oral, palavra escrita, uma árvore que dá sombra ou uma supernova em explosão – ele está se revelando.

Uma objeção comum a isso é que esse tipo de posição nega a doutrina da suficiência da Escritura, que alguns interpretam como significando que a Bíblia é a única fonte de conhecimento a respeito de Deus, suas obras e seu agir. Mas esse argumento implica uma compreensão equivocada de suficiência. De acordo com Wayne Grudem, “a suficiência da Escritura significa que ela contém todas as palavras de Deus que este quis que estivessem disponíveis ao seu povo nos respectivos estágios da história da redenção, e que agora ela contém todas as palavras de Deus de que necessitamos para a salvação, para confiar nele de forma perfeita e para obedecer-lhe de forma perfeita”.[3] Observemos alguns aspectos dessa definição. A Escritura é uma revelação verbal; ela descreve outras formas de revelação. A Escritura é progressiva; a revelação verbal de Deus é cumulativa. A Escritura nos dá o que precisamos para a fé e para a prática; ela não aborda todas as nossas inquietações. Certamente a Bíblia nos ajuda a tomar decisões sábias, mas ela não trata diretamente de temas como que casa ou carro comprar, com quem se casar, que escola frequentar ou de que igreja participar.

Esse último ponto pode incomodar algumas pessoas que advogam uma abordagem herdada de “somente a Bíblia” no método teológico. Ironicamente, a ideia de que apenas a Escritura é nossa única fonte para a teologia é, na realidade, indefensável à luz dos próprios ensinos bíblicos! Não demorará para que os teólogos empenhados em usar apenas a Bíblia como fonte única para o diálogo sobre Deus, suas obras e seu agir se encontrem na posição desconfortável de ver a Bíblia apontando para fora de si mesma, para outras fontes de revelação verdadeira e vinculativa de Deus, tanto no passado quanto no presente. Por exemplo, é a Bíblia que recomenda estudar as formigas para aprender a respeito da sabedoria (Provérbios 6.6-8) e considerar flores e pássaros para aprender a não ficar ansioso (Mateus 6.25-30). Robert Duncan Culver define bem o problema: “Devemos usar a Bíblia como nosso guia em todos os assuntos relacionados à fé religiosa, como de costume, mas, sendo assim, a Bíblia precisa apontar para além de si mesma e indicar outras fontes de informação”.[4] Isso não relativiza nem diminui o papel central da Escritura no método teológico. Em vez disso, é uma forma de levar ainda mais a sério os ensinos da própria Bíblia a respeito da revelação e da verdade.

A Palavra no Mundo

Exceto por certos recantos sectários do cristianismo, a posição dos teólogos cristãos sempre foi que Deus Filho, que se encarnou de uma vez por todas como o Deus-Homem Jesus de Nazaré, é a revelação central e suprema de Deus: “Cristo, ele mesmo a soma de toda revelação, é também, ele mesmo, o único Revelador”.[5] O Pai só é revelado no Filho (João 1.18; 14.9); e o Espírito Santo revela o Filho (João 15.26). Nele, tudo o que há no céu e na terra encontra sua unidade, propósito e cumprimento (Efésios 1.10). Arthur Holmes observa: “A Bíblia inteira deixa claro que a suprema autorrevelação de Deus ocorreu na pessoa e na obra de seu Filho encarnado”.[6]

Como cerne da revelação pessoal de Deus, Jesus Cristo, a Palavra no Mundo, é o centro e objetivo da Escritura Sagrada, a Palavra ao Mundo.[7] Ele também é a fonte, o governante e o princípio que organiza toda a criação, o Mundo da Palavra.

É verdade, Cristo acabou subindo aos céus. Assim, seria tentador dispensar essa forma de revelação pessoal como algo que não se aplica mais a nós, concentrando-nos, em vez disso, nos meios de autorrevelação divina que restam – a Palavra ao Mundo e o Mundo da Palavra. No entanto, uma reflexão mais cuidadosa nos leva a perceber que não ficamos sem a Palavra de Deus no Mundo – uma revelação pessoal, encarnada e cheia do poder do Espírito a respeito de Deus, suas obras e seu agir. A comunidade dos santos – o corpo de Cristo na terra – é, ela mesma, uma revelação coletiva de Deus.

Como cerne da revelação pessoal de Deus, Jesus Cristo, a Palavra no Mundo, é o centro e objetivo da Escritura Sagrada, a Palavra ao Mundo.

Como assim?

Efésios 3.10-11 diz: “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais, de acordo com o eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Cristo está presente na terra em seu corpo, a igreja. A semelhança com Cristo revela a Palavra no Mundo, à medida que crescemos “em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função” (Efésios 4.15-16).

Efésios 2.10 declara que quem foi salvo pela graça por meio da fé é “criação de Deus realizada em Cristo Jesus para [fazer] boas obras”. O termo traduzido como “criação” é poiema, a mesma palavra usada em Romanos 1.20 para as coisas que Deus fez e que claramente revelam “os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina”. Na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento), o mesmo termo é usado para referir-se às obras de Deus na história: “Todos os homens temerão e proclamarão as obras de Deus, refletindo no que ele fez [poiema]” (Salmos 64.9; cf. 143.5). Em todos os casos, a “criação” de Deus revela ao mundo algo sobre o seu caráter – sua graça, misericórdia, amor, justiça, poder e santidade. A comunidade dos santos habitada pelo Espírito, na qualidade de projeto encarnado de redenção e renovação, é uma revelação observável de Deus; nas palavras de Paulo: “Que dizer, se ele fez isso para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também chamou...?” (Romanos 9.23-24).[8]É por isso que Cristo, que é a verdadeira Luz, pode dirigir-se aos seus discípulos chamando-os, por extensão, de “a luz do mundo” (Mateus 5.14). Por serem revelação da luz de Deus pela simples existência como povo redimido do Senhor, Jesus instruiu seus discípulos (e por meio deles também a nós): “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (5.16). Paulo formula isso da seguinte forma em suas instruções à igreja de Éfeso: “Vivam como filhos da luz... Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz” (Efésios 5.8-11).

O Mundo da Palavra

O teólogo reformado holandês Abraham Kuyper escreveu: “Basta um pouco de reflexão para que se reconheça prontamente que a revelação não está meramente baseada na criação, mas que toda a criação é, em si mesma, revelação”.[9] O cristianismo clássico sempre aceitou o axioma de que a criação é uma revelação de Deus – sem qualquer qualificação. Isso inclui todas as coisas visíveis na criação física como também todas as coisas invisíveis, como por exemplo o âmbito espiritual. Além disso, também a razão humana, a consciência e as “leis naturais” revelam seu Criador. O Mundo da Palavra não é uma revelação “inferior”, “obscura” ou “distorcida”. O mundo criado e providencialmente sustentado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo continua a derramar conhecimento claro e convincente sobre Deus, suas obras e seu agir.

Ainda assim, algumas pessoas entendem a revelação na criação – às vezes chamada de “revelação geral” ou “revelação natural” – como inerentemente inferior à revelação na Bíblia. Há vários motivos para essa opinião. Em primeiro lugar, há a preocupação de que entender a revelação divina na criação como verdadeira e autorizada enfraqueceria a importância da Bíblia. Outros receiam que ver Deus na criação poderia levar ao pluralismo ou mesmo ao universalismo, como se a sabedoria que leva à salvação pela fé em Cristo Jesus poderia, de alguma forma, vir da revelação não verbal na criação. Um terceiro grupo reconhece que religiões falsas interpretam a revelação de Deus na criação de forma errada e assim argumentam que a solução seria evitar toda e qualquer interpretação para esse tipo de revelação, em vez de procurar formas adequadas de fazê-lo. Por fim, há quem argumente que o propósito da revelação de Deus na criação é apenas condenar – que Deus ofereceu o mínimo necessário de autorrevelação nas coisas criadas para condenar a humanidade.

No entanto, o apóstolo Paulo ensina que Deus revela verdades claras, autorizadas e esclarecedoras por meio de sua criação (Romanos 1.18-25). Essa revelação é tão óbvia e conclusiva que todos os que a percebem – e rejeitam o Deus que a criou – encontram-se condenados, com justiça, diante dele (Romanos 1.18). O versículo 19 desvenda a lógica, explicando como é possível que todas as pessoas sejam culpadas diante de Deus: “Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou”. Como Deus tornou esse conhecimento “manifesto” a eles? O versículo seguinte explica: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” (1.20). Observe que Paulo recua até um ato divino – a criação do mundo. No entanto, a cláusula modificadora, “sendo compreendidos por meio das coisas criadas”, indica que essa revelação continua a “falar” a nós até o presente. E ela continua falando conosco de forma clara, ainda que a criação que observamos tenha sido amaldiçoada (cf. Gênesis 3.17-19; Romanos 8.19-22).[10]

O que exatamente é “compreendido” ou “percebido” por meio da revelação trazida pelo Mundo da Palavra? Paulo descreve isso literalmente como “atributos invisíveis”. Isso inclui “seu eterno poder e sua natureza divina” (Romanos 1.20). Deus não está brincando de esconde-esconde. Ele não está se ocultando atrás da criação.[11] Em outro lugar, Paulo declara: “Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. ‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’...” (Atos 17.27-28).[12] A frase final desse versículo é importante. A natureza dessa revelação dos “atributos invisíveis” de Deus é tão clara que todas as pessoas “são indesculpáveis” (Romanos 1.20). Essa é, na verdade, a base para a manifestação da ira do céu; é a justa causa para o juízo consequente (Romanos 1.18,20-25).

Essa ênfase no conhecimento da verdade aparece várias vezes na passagem. Nos versículos 21-23, Paulo declara: “Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus... tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal...”. No versículo 28, ele afirma que “desprezaram o conhecimento de Deus”. Assim, uma leitura atenta de Romanos 1.18-25 demonstra que a criação é uma revelação verdadeira, clara e condenatória de Deus – ainda que seja uma revelação divina sem palavras. O Mundo da Palavra não consiste em declarações verbais a respeito de Deus; antes, a “verdade de Deus” é revelada por meio de recursos não verbais – árvores, estrelas, planetas, pessoas, animais, ar, vida... tudo.

O ensino de Paulo a respeito da revelação de Deus por meio da criação encontra apoio no salmo 19, o qual o apóstolo muito provavelmente tinha em mente ao redigir Romanos 1. Naquele salmo majestoso, Davi escreve: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite” (Salmos 19.1-2). Por um lado, Davi afirma que os céus “declaram” a glória de Deus e “proclama[m]” a obra dele. Mas esses termos não são literais. Este é o Mundo da Palavra: “Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz” (Salmos 19.3).[13]

Somente pela graça e somente por meio da fé, conforme revelado somente nas Escrituras (sola Scriptura), uma pessoa pode se tornar sábia para a salvação

Com base em Romanos 1.18-25 e Salmos 19.1-3, a teologia cristã clássica aceita o Mundo da Palavra como revelação não verbal clara, conclusiva e condenatória de Deus. A revelação divina pela criação tem tanta autoridade para o diálogo sobre Deus, suas obras e seu agir quanto sua revelação por meio da Palavra ao Mundo e da Palavra no Mundo. Na verdade, algumas das questões que surgem no debate teológico às vezes podem ser respondidas primariamente por meio da exploração da revelação divina na natureza.

A singularidade da Palavra ao Mundo

A essa altura, você talvez esteja se perguntando: “Se Deus se revelou pela Palavra ao Mundo, pela Palavra no Mundo e pelo Mundo da Palavra, haverá algo de distinto a respeito das Escrituras?”. Paulo também responde a essa pergunta em Romanos 1. O evangelho revela a justiça de Deus – como uma pessoa injusta pode se tornar justa (Romanos 1.16-17). A salvação é somente pela graça, por meio da fé (cf. Efésios 2.8-9), e essa mensagem é a única esperança para os pecadores. Uma vez que todos nós rejeitamos a revelação de Deus na criação (Romanos 1.18-32), e porque “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (3.23), somente o evangelho pode resolver o problema do pecado (3.21-22).

Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo lembra ao seu filho na fé de que desde a infância este tinha sido ensinado que as Escrituras “são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Timóteo 3.15). Paulo continua: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (3.16-17). A Escritura é singularmente útil para dois propósitos vitais: a salvação e a vida piedosa (fé e prática). A Escritura nos prepara de forma única para sermos reconciliados com Deus e vivermos de forma a agradá-lo.

O evangelho é revelado na história bíblica da redenção – não pela revelação sem palavras da criação. Somente as Escrituras demonstram a forma pela qual um ser humano que se rebelou contra Deus pode ser tornado justo (Romanos 1.16-17). Somente pela graça e somente por meio da fé, conforme revelado somente nas Escrituras (sola Scriptura), uma pessoa pode se tornar sábia para a salvação (cf. Romanos 3.21-24).

Notas

  1. Para mais justificativas para essa abordagem, veja Carisa A. Ash, A Critical Examination of the Doctrine of Revelation in Evangelical Theology (Eugene, OR: Pickwick, 2015).
  2. Carl F. H. Henry escreve: “A revelação escriturística tem prioridade epistemológica sobre a revelação geral não porque esta seja obscura ou porque o ser humano pecador não seja capaz de conhecê-la, mas porque a Escritura, como documento literário inspirado, republica o conteúdo da revelação geral de forma objetiva, superando as pecaminosas diluições e más compreensões reducionistas do ser humano. Além disso, ela proclama o plano de Deus para redimir o ser humano de sua condição pecaminosa” (God, Revelation, and Authority, vol. 1 [Dallas: Word, 1976; reimpr. Wheaton, IL: Crossway, 1999], p. 223). Para Henry, a revelação de Deus na Escritura e a revelação na criação são ambas verdadeiras. O que dá à Escritura a “prioridade epistemológica” não é o fato de ser mais verdadeira ou mais clara que a revelação na criação ou em Jesus Cristo. Antes, a forma da revelação na Escritura é mais imediata: ela vem a nós em palavras divinamente inspiradas (“como documento literário inspirado”); e o conteúdo da Escritura trata de forma mais direta de questões teológicas: “proclama o plano de Deus para redimir o ser humano de sua condição pecaminosa”.
  3. Wayne Grudem, Systematic Theology: An Introduction to Biblical Doctrine (Grand Rapids: Zondervan, 1994), p. 127 (ênfase suprimida).
  4. Robert Duncan Culver, Systematic Theology: Biblical and Historical (Ross-shire, Reino Unido: Mentor, 2005), p. 46.
  5. William Burt Pope, A Compendium of Christian Theology: Being Analytical Outlines of a Course of Theological Study, Biblical, Dogmatic, Historical, vol. 1 (Londres: Beveridge, 1879), p. 38.
  6. Arthur F. Holmes, Christianity and Philosophy (Chicago: InterVarsity, 1960), p. 14.
  7. O próprio Jesus parece defender isso em João 5.39-40 e Lucas 24.25-27,44-47.
  8. Veja também a linguagem explícita da revelação coletiva em Filipenses 2.14-16 e a ilustração do corpo para a igreja em 1Coríntios 12.
  9. Abraham Kuyper, Encyclopedia of Sacred Theology: Its Principles, trad. J. Hendrik de Vries (Nova York: Charles Scribner’s, 1898), p. 259.
  10. Para encontrar exemplos úteis de como Deus se revela na criação, veja John Fischer, Finding God Where You Least Expect Him (Eugene, OR: Harvest House, 2003) e Philip Yancey, Rumores de Outro Mundo: A realidade sobrenatural da fé (São Paulo: Editora Vida, 2005).
  11. Essa ênfase na clareza da revelação de Deus a respeito de si mesmo também ajuda a entender a justiça do juízo de Deus. Se o Deus verdadeiro é claramente visível, mas ainda assim o rejeitamos ou substituímos por noções idólatras de “divindade”, nossa condenação é totalmente justa. Se fosse verdade que a revelação de Deus na criação é turva ou nebulosa, nossa incapacidade de compreendê-lo seria uma justificativa para nossa falha em honrá-lo.
  12. O “isso” específico no versículo 27 é a soberania de Deus em demarcar as nações e os lugares em que vivemos, mas ele é precedido pela reivindicação de que Deus é o Criador do mundo e de tudo o que existe nele (v. 24). Nesse discurso no Areópago, Paulo não cita a Bíblia em nenhum momento, mas cita, com aprovação, vários poetas pagãos.
  13. Veja também a declaração do salmista de que a terra está cheia do amor e da bondade de Deus (Salmos 33.5; 119.64).
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