Pessoas que Encontrei na Viagem: Parte 4 – Mozart

Daniel Lima

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Ainda que a beleza possa ser entendida de diferentes formas, de acordo com o contexto, parece seguro afirmar que o ser humano busca o belo. Somos atraídos pelo belo, ficamos emocionados diante do belo. Nesse sentido, é marcante que Davi, no salmo 27.4 escreva: “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. Parece seguro afirmar que Deus não só é o padrão de toda a beleza, como também que, sendo o Criador, ele é a fonte de toda a beleza. A partir da queda, temos distorcido a beleza, mas ela continua tendo Deus como origem.

Mesmo para aqueles que não tenham sido educados na arte da música, o nome Mozart é uma referência marcante. Wolfgang Amadeus Mozart nasceu na encantadora cidade de Salzburgo, na Áustria, no ano de 1756. Seu pai era um músico e professor de música que teve uma enorme influência na vida do filho. Mozart começou a estudar música aos quatro anos de idade, e já aos cinco anos se apresentava como prodígio musical.

Esse talento foi cultivado pelo pai com disciplina e rigor. Deixando sua carreira em segundo plano, ele orientou e se sustentou com o talento inegável do filho em apresentações pelas diversas cortes na Europa. Mozart não era só um músico brilhante, mas um compositor incomparável. São atribuídas a ele mais de 600 obras, entre concertos, sinfonias, óperas e obras religiosas. O efeito de sua música o tornou famoso na época e continua a encantar tanto ouvintes com formação musical, como aqueles mais leigos.

Beleza e genialidade não nos garantem intimidade com Deus.

Sua vida, no entanto, foi uma sequência de altos e baixos. Sua relação com seu pai foi sempre tensa. As cartas que foram preservadas mostram um filho se justificando e tentando agradar seu pai, nem sempre com toda a sinceridade. Sua esposa foi descrita como interesseira e sem cultura. Tiveram vários filhos, mas apenas dois chegaram à idade adulta. Apesar de renomado e de receber salário e muitos presentes valiosos, sempre teve uma situação financeira precária. No entanto, é sua vida espiritual que ainda permanece um mistério. Trabalhou por anos como um músico contratado pelo príncipe arcebispo de Salzburgo, produzindo inúmeras peças religiosas. No entanto, todos os registros apontam para uma fé que era, no máximo, um cristianismo nominal.

Sua vida nos aponta para uma dura realidade. Beleza e genialidade não nos garantem intimidade com Deus. Em cartas ao seu pai, Mozart chegou até mesmo a atribuir seu talento a Deus. Não há, no entanto, qualquer registro de uma espiritualidade genuína. Pensando nesse homem, eu me volto ao texto de Paulo em 1Coríntios 1.26-31:

“Irmãos, considerem a vocação de vocês. Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus. Mas vocês são dele, em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e redenção, para que, como está escrito, 'aquele que se gloria, glorie-se no Senhor'.”

Deus não está promovendo a mediocridade, mas está justamente apontando para a origem da genialidade, ele mesmo.

Deus não está promovendo a mediocridade. Ele está justamente apontando para a origem da genialidade, ele mesmo. E a razão por que ele faz isso não é para defender sua glória, mas para que possamos encontrar o nosso lugar na Criação. Se eu achar que aquilo que produzo de belo ou bom é fruto de minha própria capacidade, vou me orgulhar e, com isso, me afastar daquele que sustenta a própria existência. Isso é destrutivo para mim. Um outro desvio comum é que, por não ter uma referência absoluta e externa, começarei a usar a mim mesmo como referência e, com isso, vou alterar o padrão de beleza e de bondade que vem do próprio Deus.

O fato é que ele escolheu fracos e “loucos” para que todos (tanto estes como os geniais) possam se voltar para ele em gratidão e louvor. Minha oração por você e por mim é que possamos sempre reconhecer que aquilo que fazemos de melhor, aquilo que temos que pode se aproximar do genial, é, na verdade, dom de Deus, e encontra seu significado no Criador.


 

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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