Pessoas que Encontrei na Viagem: Parte 8 – Governo da Alemanha Oriental

Daniel Lima

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Após doze dias de viagem, chegamos a Berlim. A experiência foi muito interessante, pois havíamos conhecido cidades pequenas e encantadoras, com uma história muito significativa. Em Berlim, fomos apresentados a uma cidade metropolitana com todas as vantagens e desvantagens de cidades assim. Os efeitos nem sempre positivos da imigração eram evidentes, assim como a história e beleza da própria cidade. Para mim, no entanto, houve um aspecto que me surpreendeu por ser ainda tão evidente: a realidade da Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental.

A República Democrática da Alemanha foi fundada em 1949, promovida pela Rússia e sob o domínio desta. Quanto a Berlim, esta permaneceu uma cidade dividida em quatro setores: americano, francês, inglês e russo. O setor russo, parte da Alemanha Oriental após 1949, estava organizado debaixo da ideologia marxista leninista. Dessa forma, logo os efeitos se fizeram sentir, com restrição de liberdades individuais, problemas econômicos e centralização na distribuição de recursos. Com isso, havia cada vez mais “compras” – alguns chamariam de contrabando – entre Berlim Oriental e Ocidental. A partir de 1961, as forças armadas da Alemanha Oriental, com forte apoio russo, fecharam as conexões de trânsito entre Berlim Oriental e os demais setores. 

O que começou com cercas de arame farpado foi pouco a pouco evoluindo, até que houvesse um muro, com área minada, arame farpado e torres de vigia. Assim foi criado o Muro de Berlim. Curiosamente, o muro era chamado de Muro de Proteção Antifascista. É muito informativo que a ideologia comunista sempre se preocupe em afirmar que seu governo é democrático, embora tenha só um partido e qualquer dissidência seja perseguida, e sempre usa como desculpa a ameaça do fascismo.

A Stasi (polícia secreta organizada segunda a conhecida KGB) tinha uma estratégia para enfraquecer e eventualmente eliminar a influência da fé cristã entre a população.

Fiquei impactado com a realidade do muro e, mesmo para mim, sem maiores conhecimentos arquitetônicos, era possível identificar prédios do regime comunista e prédios do ocidente. Muitas pessoas morreram ao tentar cruzar do lado oriental (comunista) para o ocidental. Nenhuma foi morta ou impedida de cruzar do lado ocidental para o oriental.

Pesquisando sobre a situação da igreja na Alemanha Oriental, descobri que a Stasi (polícia secreta organizada segunda a conhecida KGB) tinha uma estratégia para enfraquecer e eventualmente eliminar a influência da fé cristã entre a população. Essa estratégia incluía: (1) infiltrar seminários para diluir a fé nestes locais, (2) remover toda menção à religião nas escolas, (3) promover diferenças sociais por meio de uma forma ateísta de autossatisfação, criando um abismo cultural entre as famílias, (4) recrutamento de pastores e líderes que passassem a promover uma visão comunista e (5) divulgar denúncias contra pastores e líderes.

Mesmo com um olhar superficial, vemos todas essas tentativas em avanço em nosso país. Mesmo sem defender um ou outro partido ou candidato, creio que podemos aprender com esse exemplo histórico. Sabemos que os dias que estão por vir serão difíceis e que a rebelião da humanidade seguirá aumentando. Nosso papel não é reverter esse processo (nem seria possível), mas promover o reino de Deus em meio aos tempos em que vivemos. 

Sabemos que os dias que estão por vir serão difíceis [...]. Nosso papel não é reverter esse processo [...], mas promover o reino de Deus em meio aos tempos em que vivemos.

Assim, deixe-me propor alguns passos diante da estratégia acima.

Ore pelos pastores e líderes. Honre aqueles que seguem fielmente ao Senhor. Observe suas vidas, encoraje-os, ouça suas preocupações, anime-os a que permaneçam fiéis nestes tempos (Hebreus 13.7).

Mesmo que a fé cristã seja cada vez mais banida dos currículos escolares, a mesma não pode ser banida de nossas conversas pessoais. Faça de suas conversas uma plataforma de promover o Senhor Jesus. Fale de sua fé e da diferença que um relacionamento com Deus faz em sua vida (1Timóteo 4.2).

Não desista de promover uma relação de fé em sua igreja com as gerações anteriores e as seguintes. Converse com os mais velhos, visite-os, ouça sua experiência. Invista tempo nos mais jovens, não só em reuniões formais da igreja, mas convide-os para uma refeição na sua casa, faça passeios com eles, jogue com eles, ouça-os, ore por eles. Um dos mais poderosos modelos para a igreja é a família (Efésios 2.19; 6.1-4).

Além de orar por pastores e líderes, resista e, caso não tenha sucesso, deixe de seguir homens ou mulheres que começam a fazer aliança com o comunismo (o mesmo é válido para o fascismo!). A Palavra diz que homens se levantarão e, mesmo tendo aparência de serem espirituais, vão negar este poder. “Afaste-se destes também” (2Timóteo 3.1-5).

Ainda além da oração por pastores e líderes, não promova as notícias sobre desvios e quedas destes. Especialmente se você não souber diretamente. E, mesmo que souber, confronte, quando for necessário, corrija se possível ou afaste-se, mas não anuncie seus pecados, pois isso não promove o Reino.

Minha oração é que sejamos luzes neste mundo, ainda mais quando vemos que o dia se aproxima.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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