4 Atitudes Necessárias Diante do Conflito no Oriente Médio

Estamos presenciando mais um conflito no Oriente Médio e não sabemos quando e como ele irá terminar. Diante disso, quais são algumas das atitudes que os cristãos devem ter?

Nesta semana, completou-se um ano desde os atentados do Hamas em solo israelense no dia 7 de outubro de 2023. Naquele dia, mais de três mil terroristas invadiram o território de Israel, matando cerca de 1 200 pessoas e sequestrando outras 251. Além disso, aproximadamente cinco mil foguetes foram disparados contra Israel.

O conflito continua desde então, com Israel combatendo o Hamas, na Faixa de Gaza, o Hezbollah, no Líbano, e agora o Irã. Portanto, vemos que o Oriente Médio encontra-se em uma escalada das tensões. Há muito incerteza quanto ao futuro daquela região e ao que isso pode acarretar no restante do mundo.

Mesmo morando aqui no Brasil, podemos ficar apreensivos quanto aos efeitos desses conflitos nos jogos de poder que ocorrem, nos preços dos alimentos, do petróleo, entre outras coisas.

Há algo que possamos fazer? Sim. Neste artigo, menciono quatro atitudes que acredito serem fundamentais para que a igreja brasileira seja exemplo quando o assunto é Israel e o Oriente Médio.

1. Não idolatre nem abandone, mas apoie Israel

Existem dois extremos que devem ser evitados quando discutimos o papel de Israel atualmente: não enxergar mais qualquer papel e futuro para essa nação, ou elevá-la a tal ponto que qualquer afirmação contrária – particularmente ao Estado moderno – seja vista como antibíblica.

Acredito que ambas as perspectivas estão erradas.

A Palavra de Deus prevê um futuro para o Israel étnico em ambos os Testamentos (p. ex., Isaías 11; Romanos 9–11). O profeta Jeremias, que presenciou altos e baixos na história de Israel, inclusive a deportação da elite em Jerusalém pelos seus pecados (2Crônicas 36), até mesmo registrou a seguinte promessa divina:

“Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. ‘Se estas leis fixas falharem diante de mim’, diz o Senhor, ‘também a descendência de Israel deixará de ser uma nação diante de mim para sempre.’ Assim diz o Senhor: ‘Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os fundamentos da terra cá embaixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo o que fizeram’, diz o Senhor.” (Jeremias 31.35-37)

Embora os cristãos divirjam quanto ao exato relacionamento entre a igreja e Israel, eles não podem deixar de lado as inúmeras promessas de um futuro presentes na Bíblia para Israel.

Ao mesmo tempo, reconhecer que Deus continua tendo planos com Israel não significa que precisamos idolatrar essa nação. A Bíblia em nenhum lugar nos exige fazer isso; pelo contrário, os próprios profetas repetidamente repreendiam Israel pelos pecados que cometiam, andando longe de Deus.

Atualmente, boa parte da população de Israel não tem Jesus como seu Senhor e Salvador, o que claramente refletirá em suas ações – assim como nas ações das demais nações do mundo. Mas isso também não pode ser usado como argumento para que não apoiemos Israel. Gerald R. McDermott explica trazendo a comparação com a igreja:

… apoiar Israel não significa ser acrítico em relação à expressão política do povo. Ao mesmo tempo, porém, é preciso lembrar que os cristãos apoiam a igreja, embora creiam que ela esteja cheia de problemas. […] Se somos capazes de acreditar que a igreja, com toda[s] as suas imperfeições, é o corpo de Cristo, podemos também dizer que Israel, com seu pecado, é a Sião de Deus (Rm 11.26).[1]

Logo, um certo equilíbrio deve ser alcançado por ambas as partes. Assim como podemos enxergar falhas na igreja – inclusive em nossa igreja local –, também podemos enxergar falhas em Israel. Mas o apoio a Israel precisa existir. “Quanto ao evangelho, eles [os judeus] são inimigos por causa de vocês; mas quanto à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11.28-29).

2. Não se esqueça dos árabes

Em nosso apoio a Israel, não podemos nos esquecer dos demais moradores daquela região. Devemos orar por todos aqueles afetados pela guerra. Muitos sofrem às custas das decisões tomadas pelas lideranças existentes, não tendo culpa em tudo o que tem acontecido. Muitos foram educados desde a infância para enxergarem Israel como um inimigo a ser odiado e destruído, e uma mudança de visão é difícil e leva tempo.

As primeiras duas atitudes podem ser vistas como os dois lados de uma moeda. É fácil olhar para um dos lados e se esquecer do outro. O apoio dos cristãos a Israel muitas vezes acabou esquecendo os árabes, que também necessitam de nosso suporte e nossas orações. De acordo com o famoso autor Joel Rosenberg, este desequilíbrio pró-Israel é a razão pela qual ele acredita que as novas gerações de cristãos demonstram menos interesse por Israel.[2]

A Bíblia prediz um futuro maravilhoso não só para Israel, mas também para outras nações da região.

A própria Bíblia prediz um futuro maravilhoso não só para Israel, mas também para outras nações da região. “Naquele dia, haverá uma estrada do Egito até a Assíria. Os assírios irão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. O Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: ‘Bendito seja o Egito, meu povo! Bendita seja a Assíria, obra de minhas mãos. E bendito seja Israel, minha herança’” (Isaías 19.23-25).

O plano de Deus sempre foi alcançar o mundo inteiro, “todas as famílias da terra” (Gênesis 12.3). Não devemos nos esquecer disso. Não devemos nos esquecer dos árabes.

3. Ore pela conversão de judeus e árabes

Atrelada às duas atitudes anteriores está esta: devemos orar para que judeus e árabes se convertam. Jesus é a única solução para a vida de todos os habitantes daquela região. Somente Jesus pode curar feridas antigas, somente Jesus pode trazer salvação e vida eternas.

Seth D. Postell, deão acadêmico do Israel College of the Bible – a única instituição de ensino cristã credenciada em Israel, cujo corpo docente e grupo de alunos são compostos tanto por árabes quanto por judeus –, afirmou que o melhor que podemos fazer por Israel é orar pela conversão de árabes em Gaza; nada poderia causar mais “ciúmes” (Romanos 11.4) nos israelenses do que ver seus vizinhos abraçarem o Messias prometido, que de fato já veio.[3]

Desde o começo do conflito, pela graça de Deus, árabes e judeus estão buscando a Jesus e encontrando-o.

Desde o começo do conflito, há um interesse renovado na Bíblia e em Deus em toda aquela região. Pela graça de Deus, árabes e judeus estão buscando a Jesus e encontrando-o. Oremos por eles, para que amadureçam em sua fé e sirvam como exemplos vivos do amor de Deus. Afinal, “israelenses e palestinos espiritualmente renovados podem abrir caminho para seus concidadãos buscarem novos meios de paz e boa vontade, amando aqueles que de outra forma seriam seus inimigos. Nas promessas de Deus e no povo de Deus, há esperança”.[4]

4. Ore pela volta de Jesus

Por fim, uma quarta atitude que devemos adotar diante do conflito no Oriente Médio – e em qualquer outro momento – é a de orar pela volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Como já foi dito, ele é a única solução definitiva para o conflito que ocorre no Oriente Médio, mas também para todos os demais conflitos no mundo.

A paz que judeus e árabes tanto querem não virá com um cessar-fogo nem com a destruição dos inimigos em Gaza, no Líbano e no Irã.

A paz que judeus e árabes tanto querem não virá com um cessar-fogo; um novo conflito surgirá no futuro. Ela também não virá com a destruição dos inimigos em Gaza, no Líbano e no Irã; novos adversários surgirão, pois o Adversário continuará procurando destruir Israel, assim como tem tentado destruir a igreja. O pregador Nathanael Winkler escreve: “Não será a força ou a combatividade de Israel que trará a vitória, nem a vigilância do Mossad nem o poder bélico das Forças de Defesa Israelenses (IDF) – será Deus que lutará e vencerá em favor do seu povo”.[5]

Não sabemos quando Jesus irá voltar, mas devemos ansiar por esse dia cada vez mais. Somente com sua volta poderá haver verdadeira paz, Shalom, no Oriente Médio e no mundo inteiro. “Por isso, se nós, como crentes na Bíblia, apoiarmos Israel como vigias sobre os muros de Jerusalém, orando pela paz, isto significará principalmente que clamaremos e rogaremos: ‘Maranata! Vem, senhor nosso!’”.[6]

Notas

  1. Gerald R. McDermott, A importância de Israel: Por que o cristão deve pensar de maneira diferente em relação ao povo e à terra, trad. A. G. Mendes (São Paulo: Vida Nova, 2018), p. 172.
  2. “Why is God Shaking the House of Israel? – Joel Rosenberg”, YouTube (vídeo), 25 mar. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QJc2x2BP6VI.
  3. “Dallas Theological Seminary Live Stream”, YouTube (video), 8 out. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KmuZv6CSDIo.
  4. Tim M. Sigler, “O Que Devemos Pensar Sobre as Relações Entre Judeus e Árabes?”, O Que Devemos Pensar Sobre Israel?, ed. J. Randall Price (Porto Alegre: Chamada, 2020), p. 175.
  5. Nathanael Winkler, “A luta de Israel pela sobrevivência”, Chamada 55/10 (2024), p. 31.
  6. Ibid.

Autor

  • Sebastian Steiger

    Sebastian Steiger (B.Th., Staatsunabhängige Theologische Hochschule Basel) é editor do Ministério Chamada no Brasil. Vive em Porto Alegre/RS com sua esposa, Débora.

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