A ressurreição estabelece Jesus como o poderoso Filho de Deus e garante a vitória final sobre a morte e sobre Satanás.
Quando o primeiro homem e a primeira mulher ouviram a voz da serpente e escolheram desobedecer ao Deus que os havia criado, a cortina caiu em um mundo que era perfeito. Adão e Eva então se consideraram como Deus ao criarem seus próprios padrões de bem e mal – algo que a sociedade faz com regularidade atualmente.
Mas, antes que Deus os expulsasse do Jardim do Éden, ele sentenciou a serpente (Satanás) à derrota: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3.15). Esta primeira e maravilhosa promessa de Deus encontra cumprimento no Cristo ressurreto. Satanás considerou a morte de Jesus como seu próprio momento de vitória; mas, na realidade, essa foi a hora de sua maior derrota. A ressurreição estabelece Jesus como o poderoso Filho de Deus e garante a vitória final sobre a morte e sobre Satanás (Hebreus 2.15).
Ligada à profecia judaica
Embora poucas pessoas percebam isso, a ressurreição de Cristo está claramente ligada à profecia judaica. O apóstolo Paulo escreveu: “E que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Coríntios 15.4). As Escrituras a que Paulo se refere são as Escrituras hebraicas. O Antigo Testamento previu que o Messias iria ressuscitar dos mortos. Paulo, na verdade, explicou esse conceito à audiência de uma sinagoga, citando Salmos 2.7 Isaías 55.3 e Salmos 16.10, respectivamente:
“Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi. Por isso, também diz em outro Salmo: Não permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (Atos 13.32-35)
A profecia sobre a ressurreição em Isaías descreve o sofrimento do Servo: “Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (Isaías 53.8) e “designaram-lhe a sepultura com os perversos” (Isaías 53.9). Depois, o profeta previu a ressurreição: “Quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos” (Isaías 53.10). Esse Servo não permanecerá na sepultura, mas viverá para ver sua posteridade. Apenas a ressurreição de Jesus dá sentido a essa profecia.
O Antigo Testamento também previu a ressurreição de Jesus “ao terceiro dia”. A primeira passagem a ensinar sobre tal esperança está em Oseias:
“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele.” (Oseias 6.1-2)
Esta profecia fala sobre uma restauração futura para o povo de Israel. Ela também se refere ao Messias, que é a figura ideal de Israel. Como em outras passagens do Antigo Testamento que apontam para o Messias como um tipo ou uma figura, essa passagem pode ser a que Paulo tinha em mente e que profetizava a ressurreição de Jesus ao terceiro dia.
Uma outra passagem está no livro de Jonas. Como o próprio Jesus ensinou: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mateus 12.40). Novamente, Deus usou um tipo para apontar para a realidade; a experiência de Jonas serviu como paralelo para a experiência de Jesus.
Revertendo a maldição
Quando Adão e Eva pecaram, Deus prometeu à humanidade um mundo cheio de dificuldades e problemas em uma terra que havia sido amaldiçoada por causa do pecado. Ainda assim, em meio a maldições, ele também proporcionou esperança através de um Redentor prometido (Gênesis 3.15). A “Semente” de Eva seria um varão humano que esmagaria a cabeça da serpente, aplicando a Satanás um golpe mortal. O calcanhar desse Homem seria machucado na luta, mas a ele está assegurada a vitória completa. A maldição será revertida e o Éden será restaurado.
Jesus “foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos” (Romanos 1.4). Sua ressurreição deu validade ao que ele alcançou com sua morte. O poder sobrenatural de Deus sobre a morte e sobre a serpente garante a vitória final quando Jesus Cristo retornar à terra.
Governando para sempre
Nas Escrituras hebraicas, Deus demonstrou sua intenção de governar o mundo, dando ao povo de Israel um rei segundo o seu coração. Davi, diferentemente de Saul que reinou antes dele, refletia um desejo profundo de agradar a Deus e de governar Israel com justiça e compaixão. Contudo, Davi não era o rei perfeito que Deus havia prometido.
Deus, de fato, fez a Davi uma promessa a respeito de um de seus descendentes: “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2Samuel 7.16). Deus prometeu que um dos filhos de Davi herdaria seu trono, e seu governo jamais terminaria. Como poderia tal promessa ser cumprida quando o reinado davídico terminou no ano 586 a.C., tendo a Babilônia conquistado o reino de Judá?
A aliança davídica, a maravilhosa promessa de Deus acerca de seu futuro Rei, encontra cumprimento em Jesus Cristo. Jesus nasceu da linhagem de Davi (Mateus 1.1). O Anjo Gabriel anunciou: “Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lucas 1.32-33). Entretanto, Jesus morreu, assim como morreram todos os outros reis da linhagem de Davi. O que qualifica Jesus a reivindicar o cumprimento da aliança davídica?
Apenas Jesus, o Filho de Davi, ressuscitou dos mortos. Paulo anunciou essa preciosa verdade ao povo judeu ao declarar que o próprio Davi predisse a ressurreição de Jesus; e então Paulo citou as palavras de Davi: “Porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Atos 2.27, citando Salmos 16.10). E Paulo continua:
“Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” (Atos 2.30-32)
A ressurreição de Jesus garante seu direito a reivindicar o reinado davídico. Ele governa sobre sua igreja agora e governará sobre Israel e sobre todas as nações no reinado vindouro.
A única maneira de um rei governar para sempre é se esse rei viver para sempre. A ressurreição de Jesus garante seu direito a reivindicar o reinado davídico. Ele governa sobre sua igreja agora e governará sobre Israel e sobre todas as nações no Reinado vindouro.
Sua ressurreição lhe confere direitos de rei. Jesus Cristo é “o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra… o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver” (Apocalipse 1.5; 2.8). Consequentemente, sua ressurreição dá a todos os que creem nele nova vida por meio da identificação que eles têm com ele: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Romanos 6.4).
Seu reino culminará no reino milenar, quando “com cetro de ferro as [as nações] regerá” (Apocalipse 2.27). A batalha de Jesus contra as forças do Diabo e contra a morte finalmente trará o reino eterno de Deus:
“E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés.” (1Coríntios 15.24-27)
O plano original de Deus para o Jardim do Éden será realizado com os novos céus, a nova terra e a Nova Jerusalém (Apocalipse 21.1-2). Como falam as palavras do grande compositor de hinos do século 18, Charles Wesley, em seu cântico “Alegrai-vos, o Senhor é Rei”:
Jesus, o Salvador, reina;
Deus de verdade e de amor;
Quando ele purificou nossas
manchas, ele assentou-se nos céus;
Erguei o coração, erguei as vozes;
Alegrai-vos, novamente digo,
alegrai-vos!
Alegrai-vos em gloriosa esperança!
Jesus, o Juiz, voltará,
E levará seus servos
para a morada celestial.
Logo ouviremos a voz do arcanjo;
A trombeta soará, alegrai-vos!
Nota
- O terceiro dia é às vezes usado como o dia da esperança (Gênesis 22.4; 42.18; Êxodo 19.11; Josué 3.2; 2Reis 20.5; Ester 5.1).
Publicado originariamente na revista Israel My Glory (mar.-abr. 2009). Disponível em: https://israelmyglory.org/article/victory-in-jesus/?hilite=William+L.+Krewson.
Autor
-
William L. Krewson (Ph.D., Drew University) é professor de teologia na Cairn University desde 1996. Suas áreas de interesse são a igreja primitiva, o período do segundo templo e a história moderna de Israel. Já liderou mais de 30 grupos para a Terra Santa, assim como para o Egito, Jordânia, Turquia, Grécia e Roma. Também serve atualmente na equipe pastoral da Chelten Church.