Toda história tem o seu fim. Deus já nos contou antecipadamente como será o final da história que ele está escrevendo. Como isso nos impacta?
Toda obra de arte termina com seu maior impacto emocional. Em uma grande obra musical, o gran finale tem o propósito de deixar o ouvinte mais impactado. Em um filme, a cena final, em geral, conclui os dilemas levantados durante a narrativa, seja positiva ou negativamente. O herói vai embora com a donzela, ou o guerreiro é recebido com glórias, ou após inúmeros combates, o aventureiro descobre que seu inimigo é imbatível… Nenhum autor “entrega o ouro” ou conclui sua obra antes do final, pois depois deste movimento o relato não tem mais o que contar.
Em meu último artigo, “Qual é o Seu Modelo”, estudamos os versículos 5 a 8 de Filipenses 2. Ali vimos como a pessoa de Jesus Cristo é nosso alvo, nosso tema, nosso modelo. Esses versículos contam de forma resumida sua história de abrir mão, identificar-se como homem e morrer em nosso lugar. No entanto, esse relato não conclui a história! O gran finale eterno da redenção é descrito por Paulo a seguir, nos versículos 9 a 11 do mesmo capítulo:
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”
Toda a história da humanidade aponta para esse final. Tudo o mais são apenas ajustes e implicações, são os relatos definitivos de como essa realidade impactará cada pessoa. Esse trecho era quase certamente usado como um hino pela igreja primitiva. Vamos buscar entender de que forma essa passagem afeta nossa vida.
Primeiramente, repare que quem o exalta é Deus, nesse caso, uma referência a Deus Pai. Um princípio bíblico é nunca buscarmos nossa exaltação. Nossa tendência humana é buscarmos reconhecimento. Isso é, em parte, legítimo, mas precisamos tomar todo o cuidado de não buscarmos exaltação. Como lemos em Tiago 4.6, citando Provérbios, Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde.
A segunda e óbvia observação é que Jesus é não só exaltado, mas o mais exaltado. Nada poderia ser mais correto, uma vez que ele é ao mesmo tempo Criador e Sustentador do próprio universo (Efésios 1.20-23; Hebreus 1.1-3). Paulo declara então (lembre-se do gran finale) que ao nome dele todo joelho se dobrará. Para evitar qualquer dúvida, ele enfatiza: “Nos céus, na terra e debaixo da terra”.
Muito embora tenhamos apenas descrições breves, haverá um momento em que todo ser reconhecerá a autoridade do Senhor Jesus.
Muito embora tenhamos apenas descrições breves, haverá um momento em que todo ser reconhecerá a autoridade do Senhor Jesus. Uns com alegria e gratidão por tão grande salvação, outros em terror e reconhecimento de terem rejeitado o próprio Criador. Isso deveria nos trazer grande esperança, pois, neste mundo, volta e meia nos deparamos com pessoas que nos confrontam, que nos ridicularizam, que difamam o nome de Jesus (vide os recentes desfiles de carnaval). Nesses momentos é normal nos sentirmos diminuídos, ficarmos até com dúvidas. No entanto, Paulo já alertou aos filipenses (e também a nós) no capítulo 1, versículo 28: “Sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus”.
Paulo encerra seu “hino” com a declaração radical, e vista como subversiva pelos romanos, de que Jesus Cristo é o Senhor absoluto.
Essa descrição do momento em que todo joelho se dobrará é feita completa pela frase daquilo que confessarão: Jesus Cristo é o Senhor. Essa declaração é especialmente importante para os filipenses, pois, como vimos antes, aqueles que habitavam ali tinham enorme orgulho de serem cidadãos romanos. Isso lhes dava um status especial no Império como proteção de leis comuns, isenção de taxas e até mesmo tratamento preferencial. Por isso, uma expressão comum em Filipos era “César é Senhor”! Diante dessa afirmação, Paulo encerra seu “hino” com a declaração radical, e vista como subversiva pelos romanos, de que Jesus Cristo é o Senhor absoluto.
Minha oração por você e por mim é que tenhamos esse dia em mente e coloquemos nossa esperança nele. No dia em que Jesus Cristo será reconhecido como Senhor por todos, sejam cristãos, judeus, ateus, humanos ou seres angelicais. Esse sim será o gran finale, o movimento maior na “sinfonia” de Deus. Que essa realidade nos traga esperança nos tempos difíceis que vivemos.
Toda língua confessará – Iêsous Christos Kyrios!
Autor
-
Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.