Os Princípios do Reino de Deus

“Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens” (Romanos 14.17-18).

Três princípios: justiça, paz e alegria. Essa tripartição encontramos várias vezes na Bíblia: fé, esperança e amor. A boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Os três tipos de cristãos em 1João 2.12-14: os filhinhos, os jovens e os pais. Também encontramos essa tripartição nos três ambientes do tabernáculo: o pátio, lugar onde experimentamos a justiça; o lugar santo, onde recebemos paz através da luz e da palavra; e o lugar santíssimo, onde experimentamos alegria em encontrar Deus.

Todos nós, pecadores e imperfeitos, somos convidados a viver nesse reino de justiça, paz e alegria. Em Lucas 2.10 lemos que o reino é para todos: “O anjo lhes disse: Não tenham medo. Estou trazendo boas novas de grande alegria que são para todo o povo”. Jesus nasceu em Belém, que representa os “pequenos”, Nazaré representa “má fama” e o Egito representa os “escravos”. O reino de Deus está disponível para todos os tipos de pessoas, sem exceção.

O melhor para a humanidade, para você e para a sua família, é o reino de Deus e seus princípios. O mundo sem a presença do Espírito Santo é uma terra hostil, de escuridão, corrupção e devassidão. A única luz para este mundo sem esperança são as pessoas que vivem os princípios do reino de Deus. Paulo diz o mesmo em Filipenses 2:15: “Para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo”.

O estilo de vida que adotamos é importante no reino de Deus. Em 2Reis 5 lemos sobre uma menina que nem ao menos é citada pelo nome. Os soldados sírios prenderam essa menina israelita e a levaram cativa para a Síria. Ali ela tornou-se escrava da esposa do grande general Naamã, homem próspero e respeitado. A sua posição lhe dava acesso aos melhores médicos da época. Mas ele era leproso e ninguém tinha a cura para ele. Nem dinheiro, nem experiência, nem inteligência foram capazes de ajudá-lo. Sabe por que você é tão importante, mesmo quando se sente desnecessário e incapaz? Você pode ser o único que tem a resposta para o problema central da humanidade. Em 2Reis 5.3 lemos que essa menina foi usada para a cura do general leproso. “Um dia ela disse à sua senhora: Se o meu senhor procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra”. Você sabe que Jesus pode libertar da doença do pecado – por isso você é importante!

Em Atos 11.13-14 também lemos sobre um anjo indicando a solução: “Mande buscar, em Jope, a Simão, chamado Pedro. Ele lhe trará uma mensagem por meio da qual serão salvos vocês e todos os da sua casa”. Jesus disse que somos o sal e a luz do mundo. Mesmo se a nossa luz for pequena e fraquinha, ela tem um efeito grande e é a única que pode iluminar a escuridão do pecado. Você, que crê em Jesus, é indispensável e importante no reino de Deus. Se não tivesse fé em Deus, a menina de 2Reis não teria feito diferença na casa de Naamã.

O reino de Deus é justiça

Um dos princípios do reino de Deus é a justiça. Primeira Tessalonicenses 2.10 diz: “Tanto vocês como Deus são testemunhas de como nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês, os que creem”. Quem assim vive, é agradável diante de Deus e aprovado pelos homens. José do Egito, com sua conduta integra e honesta, representou o reino de Deus e influenciou a sua época. “Desde que o deixou cuidando de sua casa e de todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do Senhor estava sobre tudo o que Potifar possuía, tanto em casa como no campo” (Gênesis 39.5). José era apenas um homem que procurava viver na presença de Deus. Isso moveu a bênção de Deus para todo o ambiente ao seu redor.

O melhor para a humanidade, para você e para a sua família, é o reino de Deus e seus princípios.

Aconteceu numa carpintaria. Um dia, o chefe, que era muito severo, teve que se ausentar por algumas horas e deixar o seu pessoal sozinho. Também não demorou muito e o local de trabalho começou a ficar mais silencioso. O barulho das máquinas deu lugar ao agradável bate-papo das pessoas. Só um jovem aprendiz não participava da crescente bagunça. Um colega aproximou-se dele e disse: “Ei, o chefe saiu”. Ele olhou sério para o colega e respondeu: “O meu ainda está aqui”. O outro foi embora com um sorriso nos lábios. Com certeza o chefe terreno teria se alegrado muito sobre esse jovem aprendiz se soubesse do incidente, quanto mais Deus se alegra com esse tipo de comportamento quando pode vê-lo em nós.

Quem vive os princípios do reino de Deus traz impactos positivos para as pessoas à sua volta. Se praticássemos somente uma pequena parte do que as Escrituras ensinam, o contexto dos nossos relacionamentos, das igrejas e dos grupos que frequentamos seria outro. Perguntaram a uma mulher que voltou da igreja o que havia sido pregado. Ela disse: não me lembro mais o que o homem pregou, mas depois do que ouvi, voltei a abraçar a vizinha. Que as palavras que ouvimos de Deus determinem mais as nossas atitudes! “O reino de Deus não consiste de palavras, mas em poder” (1Coríntios 4.20).

Mais do que ouvir o que dizemos, as nossas ações estão sendo analisadas pelas pessoas que convivem conosco. A sua vida com Deus é a mesma em todos os ambientes e grupos? Ou o seu caráter se manifesta de forma inconstante e diferente, dependendo das pessoas, das situações e dos lugares? Mahatma Gandhi disse: se os cristãos também agem de forma diferente dependendo do grupo de pessoas, prefiro ficar no hinduísmo.

A cruz uniu dois opostos humanamente impossíveis de se reconciliar.

O reino de Deus está presente neste mundo, hoje e agora, na medida em que o Espírito de Deus governa a vida dos cristãos. Os que o seguem já fazem parte do movimento do reino. É quando praticamos a vontade de Deus que o reino de Deus é visível. Precisamos Dele!

Vivendo em Cristo, e Cristo em nós, isso é o reino de Deus!

O reino de Deus promove paz

No livro de Êxodo lemos sobre a construção do tabernáculo. A terceira cobertura era constituída de duas partes distintas: uma delas era formada de cinco cortinas unidas umas às outras, enquanto a outra parte era formada de seis cortinas igualmente unidas umas às outras. No total eram onze cortinas ao todo que, devidamente unidas através de colchetes, uniam a parte formada de cinco subpeças à parte formada por seis subpeças. Cem colchetes de bronze, cinquenta em cada uma delas, uniam uma parte à outra. Mas a pergunta que surge é: por que exatamente cinquenta colchetes? Qual a razão deles? Não é difícil descobrir qual o significado deles se nos lembramos que foi exatamente depois de cinquenta dias após a ressurreição de Cristo que ocorreu a descida do Espírito Santo na festa de Pentecostes. Isso também revela que uma reconciliação plena entre Israel e os outros povos poderia acontecer, apesar das diferenças profundas destes grupos tão distintos. Nós temos paz com Deus e uns com os outros porque, através de Jesus, tanto judeus como gentios têm liberdade de se aproximar de Deus. Sobre isso Paulo trata em Efésios 2.11-22: “Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade”.

A cruz uniu dois opostos humanamente impossíveis de se reconciliar.

Como filhos de Deus, devemos ser agentes de paz. Veja a postura de Abigail em 1Samuel 25. Ela imitou Jesus em um exemplo raro. Abigail era uma mulher apaziguadora. Ao lado de seu marido Nabal, um homem ímpio, maldoso, insensato e difícil de lidar, ela foi prudente e, com palavras de reconciliação, reverteu um conflito entre Nabal e Davi. Abigail foi uma pessoa pacificadora. Ela caiu aos pés de Davi e disse: “Meu senhor, a culpa é toda minha. Por favor, deixa a tua serva lhe falar, ouve o que ela tem a dizer. Meu senhor, não dês atenção àquele homem mau, Nabal”. Quem vive os princípios de Deus, e está em paz com Ele e com seu próximo, colhe uma vida de contentamento. O nome de Abigail significa “meu pai é alegria”.

Quando uma porta range, não adianta bater nela ou gritar com ela. Resolve-se esse problema colocando uma gota de óleo na dobradiça. Nós devemos ser pessoas com esse recipiente de óleo na mão. Devemos ser um bálsamo, um “calmante”, para abrir caminho para o Espírito Santo. As mudanças na nossa vida não acontecerão com os conflitos, mas através do fruto do Espírito vivido por nós. A prontidão do perdão, do novo começo, da não-retribuição trará soluções para as desavenças, e as outras pessoas verão que vivemos com Jesus. Algumas pessoas têm religião suficiente para gerar conflitos, mas não suficiente para promover a paz.

Romanos 12.21 diz: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem”. E o versículo 17 diz: “Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos”. É disso que o nosso mundo, talvez a sua família, está precisando. Que você vença o mal utilizando o bálsamo da mansidão e da pacificação. “Não retribuam mal com mal nem insulto com insulto; pelo contrário, bendigam, pois para isso vocês foram chamados, para receberem bênção por herança” (1Pedro 3.9).

Algumas pessoas têm religião suficiente para gerar conflitos, mas não suficiente para promover a paz.

Transmitimos vida na medida em que aplicamos estes princípios na nossa vida. Quanta mudança experimentaríamos no nosso dia a dia! Viveríamos cheios do Espírito Santo. Em Atos 2.46-47 lemos: “E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Quando praticamos essa vida de oração e comunhão, permitimos que Deus participe do nosso viver e seremos promotores de paz.

Um reino onde há alegria

A felicidade no reino de Deus não depende da instabilidade das circunstâncias. No Sermão do Monte em Mateus 5, lemos: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. No reino de Deus a alegria não depende das diferentes situações, mas depende se ele pode habitar em nós. Paulo, ao escrever uma carta enquanto estava preso, diz em Filipenses 4.4: “Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!” Já no Antigo Testamento lemos em Habacuque 3.17-18: “Ainda que a figueira não floresça, todavia, eu me alegro no Senhor”. Em Salmos 73.25-26, lemos: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre”. Sentir paz e contentamento, mesmo quando as circunstâncias não estão favoráveis, significa ter uma atitude interior de confiança, esperança e satisfação em Deus. Não dependemos das situações, mas da presença de Jesus em nós.

“Busque continuamente a Deus, pois na sua presença há plenitude de alegria. Tu me farás ver os caminhos da vida, na tua presença há plenitude de alegria; à tua direita, há delícias perpetuamente” (Salmos 16.11).

Autor

  • Ernesto Kraft é alemão; casado com Elvira, com quem tem três filhos. Ele e sua esposa são missionários desde 1975 e desenvolvem um ministério específico de evangelização através de folhetos e cursos bíblicos por correspondência. Realizou diversos seminários sobre Escatologia em igrejas de São Paulo, e representa a Chamada da Meia-Noite distribuindo a literatura em São Paulo.

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