Uma defesa do estudo das últimas coisas (escatologia) através de uma perspectiva cristocêntrica.
Para Jürgen Moltmann, um renomado teólogo reformado, a escatologia equivale à doutrina da esperança cristã, que diz respeito tanto ao que se espera (Cristo) quanto ao ato de esperar.[1] Essa doutrina gloriosa começa e termina em Cristo. O que dá sentido à cruz do meio é o Cristo ressuscitado, escatológico, assentado no trono, que virá outra vez e reinará eternamente! O evento do Calvário é um elemento central da escatologia cristã. Por meio de sua morte e ressurreição, Cristo realizou a redenção da humanidade e da criação (Romanos 8.18-25). A escatologia cristã orbita em torno do papel de Cristo na consumação dessa redenção e na restauração de todas as coisas.
Essa escatologia centrada na pessoa de Cristo é uma compreensão fundamental na teologia cristã, pois o coloca no núcleo das reflexões sobre o fim dos tempos e o cumprimento da história humana. Toda a escatologia passa por Cristo, o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro (Apocalipse 22.13). A história da humanidade não é feita de eventos casuais e sem propósito. Ao contrário, ela tem em Cristo o seu início, meio e fim.
Cristo é a revelação final de Deus, a “imagem do Deus invisível” (Colossenses 1.15). “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9). Isso significa que a compreensão da escatologia começa com a compreensão de quem Cristo é e do que ele revela sobre Deus. Ele é o Princípio que revela a pessoa de Deus e é o Fim que trará a consumação divina.
A escatologia cristã enfatiza a realização da promessa messiânica de redenção, salvação e renovação em Cristo, o que é essencial para a compreensão dos eventos escatológicos.
A escatologia cristocêntrica aponta para Cristo como o cumprimento profético de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento. Em seu ministério terreno, Jesus afirmou claramente que ele era a concretização do plano redentor de Deus (Lucas 4.18-21). A escatologia cristã enfatiza a realização da promessa messiânica de redenção, salvação e renovação em Cristo, o que é essencial para a compreensão dos eventos escatológicos.
Comentário Expositivo de Escatologia Bíblica
Uma abordagem dispensacionalista da doutrina do fim dos tempos.
Na visão do livro selado de Apocalipse 5, não havia quem pudesse tomar o livro e abrir os seus selos. Diante dessa realidade, João chorou (Apocalipse 5.3-4), até ser informado de que o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, havia vencido para abrir o livro e desatar os seus selos.
Ao final de todas as coisas, Cristo também desempenhará um papel de centralidade, na posição de Juiz, no julgamento final de todos os homens, como evidenciado nas Escrituras (Mateus 25.31-46; 2Coríntios 5.10; Apocalipse 19.11-16). Sua autoridade suprema é uma das razões centrais na revelação divina. Ele julgará o mundo com justiça e estabelecerá o reino de Deus em sua plenitude.
Por fim, uma escatologia centrada em Cristo oferece esperança e consolação aos crentes. Jesus prometeu que voltaria (João 14.3) e que estaria com seus discípulos até o fim dos tempos (Mateus 28.20). A esperança na segunda vinda de Cristo e na consumação do reino de Deus é uma fonte de encorajamento e fortalecimento na vida cristã.
Nota
- Jürgen Moltmann, Teologia da Esperança (São Paulo: Loyola, 2005), p. 30.
Este artigo foi adaptado de Comentário Expositivo de Escatologia Bíblica, por Adolfo Pereira Neto.
