Ao analisar as Escrituras, o que estas dizem a respeito da ressurreição?
Um dos ataques mais fundamentais à fé cristã é a negação da ressurreição. Evidência disso é que, logo após o evento, os judeus pagaram os guardas para afirmarem que os discípulos haviam roubado o corpo (Mateus 27.62-66; 28.11-15). Eles sabiam que a notícia da ressurreição seria um importante testemunho cristão.
Não é surpresa que não cristãos continuem duvidando da ressurreição, mas, como nos alertou Paulo em Atos 20.29-30, líderes que se afirmam cristãos têm colocado em dúvida esse evento. Com palavras que têm aparência de sabedoria e piedade, eles perguntam se sua fé depende de um evento que não teve testemunhas oculares, preferindo ignorar as centenas de pessoas que viram Jesus ressurreto. Em um site de “cristãos progressistas”, encontrei a seguinte citação:
Eu não considero a Ascenção ou a Ressurreição como eventos literais, visíveis no tempo e espaço, mas eu os considero reais, pois quando uma metáfora – seja ela boa ou má – é vivenciada ela cria realidade, e a realidade é então testada ao longo do tempo e espaço em termos de suas vitalidade e validade a longo prazo.
É quase desnecessário debater uma citação assim, mas permita-me destacar alguns pontos. Primeiro, você percebe a distinção entre literal e real, como se fossem categorias distintas. O autor, após afirmar que a ressurreição não ocorreu no tempo e espaço, diz que ela ainda assim é real… O que ele busca fazer é redefinir a categoria do real. E ele segue afirmando que uma metáfora (recurso estilístico responsável por transpor o sentido literal para o figurado), ao ser vivenciada, “cria realidade”. Não temos aqui o tempo para discutir o que significa criar realidade. Basta dizer que esse autor atribui a uma percepção humana o poder de criar o que é real.
Todo cristão deveria examinar a importância de defender a ressurreição de Cristo como verdade central de nossa fé.
No entanto, creio que todo cristão deveria examinar a importância de defender a ressurreição de Cristo como verdade central de nossa fé. Para isso, gostaria de examinar dois textos. O primeiro é uma afirmação de Paulo no final da primeira carta aos coríntios, onde ele faz uma declaração de fé que provavelmente era central entre os cristãos primitivos:
“Pois o que primeiramente transmiti a vocês foi o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, apareceu a Cefas e, mais tarde, aos Doze. Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido.” (1Coríntios 15.3-6)
Repare que a declaração de Paulo tem três componentes importantes. Primeiro, a fé cristã não é só um sistema moral, ou um sistema religioso, mas sim uma nova vida (2Coríntios 5.17). Segundo, essa afirmação está de acordo com todo o testemunho das Escrituras (Isaías 26.19; Daniel 12.2). Por fim, contrariando a afirmação de cristãos progressistas, houve um grande número de testemunhas (apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez).
Além dessa passagem (na verdade, todo o capítulo trata do tema), esses dias fui impactado com as palavras de Jesus registradas em Lucas 11.29-32:
“No entanto, como aumentava a multidão, Jesus começou a dizer: ‘Esta é uma geração perversa. Ela pede um sinal milagroso, mas nenhum sinal será dado, exceto o de Jonas. Pois, como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem também o será para esta geração. A rainha do Sul se levantará no juízo contra os homens desta geração e os condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está algo é maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no juízo contra esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e aqui está algo que é maior do que Jonas.’”
O povo pede um sinal, apesar de Jesus ter feito inúmeros sinais até aquele momento. Na verdade, o homem natural quer ver coisas impressionantes – por um lado, ele se diverte com maravilhas e, por outro, ele se coloca como juiz do que é real (lembra o autor citado acima). É como se dissesse: “Você quer que eu creia? Então me prove para que eu possa julgar se as suas afirmações são reais”.
Ao ressuscitar, Jesus provou que seu sacrifício foi aceito pelo Pai. Essa ressurreição é a garantia de nossa vida eterna com Deus.
Jesus, no entanto, não está suplicando para que creiam nele, nem permite que o homem assuma o papel de juiz. Ele indica que o único sinal é o de Jonas. Para entender esse sinal é necessário ler o texto de Mateus 12.40, que indica que o sinal de Jonas é justamente uma referência aos três dias em que Jesus estaria morto e depois ressuscitaria. Este é o sinal por excelência para que possamos crer. Uma geração perversa não vai crer por sinais e maravilhas, mas pelo testemunho sólido da ressurreição.
Não apenas seu poder fica demonstrado, mas também o fato de que, ao ressuscitar, Jesus provou que seu sacrifício foi aceito pelo Pai. Essa ressurreição é a garantia de nossa vida eterna com Deus. Minha oração é que, ao refletir sobre a ressurreição, nossos corações sejam encorajados e fortalecidos. A promessa de ressurreição dos mortos para uma vida com Deus ou para condenação eterna é parte da gloriosa esperança que aguardamos (1Tessalonicenses 4.13-18). Maranata, vem Senhor Jesus.
Autor
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.