Esperança em Qualquer Situação

Como é possível ter esperança mesmo em épocas ou locais difíceis? Qual a fonte de nossa esperança e como obtê-la?

Neste final de ano, Deus nos deu o privilégio de visitarmos nossa filha, genro e netos que estão morando na Tailândia.

Por meio de economias e ofertas, pegamos um avião em Porto Alegre, trocamos de avião em São Paulo e chegamos no aeroporto de Doha, no Qatar, após 13 horas de voo. Devido ao horário do voo para Bangkok, tivemos uma espera de quase 12 horas naquele aeroporto. Por um lado, foi bom poder esticar as pernas após tantas horas em um avião; por outro, é muito tempo em um aeroporto, mesmo um tão impressionante como o aeroporto de Doha.

Eu já tive o privilégio de estar em vários aeroportos, mas nunca estive em um tão sofisticado. As lojas eram boutiques das mais exclusivas grifes. Além disso, ele possui um jardim em uma das extremidades, com árvores e gramados impecáveis. Realmente era evidente o dinheiro investido ali.

Após um tempo andando e depois descansando, ainda tínhamos algumas horas adiante de nós. Almoçamos e ficamos observando (com o máximo de discrição) as pessoas que passavam. Em um aeroporto assim, passa todo tipo de pessoa.

Como o Qatar é uma monarquia constitucional e o islamismo é a religião oficial, a Sharia é a base de todo o sistema legal. Esse sistema dirige todos os aspectos – desde adoração à família, de finanças à criminalidade. No Qatar, segundo a lei, há uma série de restrições especialmente para mulheres, como a necessidade da autorização de um parente do sexo masculino sobre qualquer decisão maior em suas vidas, assim como ao modo de vestir, liberdade de ir e vir, entre outros. No aeroporto, é claro, a obediência a estas leis não é exigida de estrangeiros.

Sendo assim, via-se muitas famílias muçulmanas onde as mulheres se vestiam com um manto escuro e com o lenço (hijab) cobrindo os cabelos. Algumas usavam a mais radical burka, que cobre todo o rosto, deixando apenas uma pequena “janela” para os olhos.

Por um lado, a obrigatoriedade desses trajes nos passa uma clara sensação de opressão. Por outro lado, essas mulheres estavam vestidas com muito mais decência do que o que vemos em aeroportos e lugares públicos no Brasil, sem nem falar em praias e piscinas.

Um dado tristemente interessante é que o Qatar tem os registros mais baixos de violência doméstica do mundo… provavelmente porque não há legislação ou qualquer programa de proteção que possibilite a uma mulher denunciar a agressão do marido, pai ou irmão. Estupros em geral terminam com a condenação da mulher por comportamento inadequado.

Nesse cenário, o que mais nos impactou foi refletir: qual era a esperança dessas mulheres? Imagino que o que as motiva seja se casar, comprar artigos de luxo, ter filhos, ser amadas, talvez até progredir no espaço profissional que lhes é permitido…

Embora exista uma igreja cristã simbólica no país, a conversão de um muçulmano é proibida por lei.

Alegria e paz que estão acima das circunstâncias precisam se basear em algo inabalável, em algo fora de nossa experiência cotidiana neste mundo.

O que elas pensam ou imaginam sobre o futuro, a vida após a morte, o propósito de suas vidas? Enquanto eu pensava nisso, perguntei-me qual a esperança das brasileiras que também não seguem a Jesus? Parece-me muito próxima da lista acima, não? As mesmas perguntas que fiz no final do parágrafo anterior posso fazer sobre mulheres no mundo afora ou mesmo com respeito aos homens.

De onde vem a nossa esperança? E qual é a base de nossa motivação?

Em sua carta aos Romanos, Paulo escreve sobre esperança em vários textos. Um que me vem à memória ao pensar nisso é Romanos 15.13: “Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo”.

Essa é uma oração de Paulo com respeito aos romanos. Seu pedido é que eles transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Obviamente o Espírito é quem nos dá esperança (João 14.26); no entanto, o pedido de Paulo é que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz. Alegria e paz que estão acima das circunstâncias precisam se basear em algo inabalável, em algo fora de nossa experiência cotidiana neste mundo. Não creio que as mulheres muçulmanas que observei sejam caracterizadas pela alegria e paz, apesar do luxo evidente.

Ao mesmo tempo, importa observar que esta alegria e paz não é simplesmente derramada na vida do cristão. Paulo afirma que elas ocorrem “por sua confiança nele”, ou na medida de sua confiança nele. À medida que consigo lançar sobre ele minha ansiedade (1Pedro 5.7), passo a “transbordar” de esperança.

Ali, naquele aeroporto luxuoso, observando pessoas que certamente usufruem de muito dinheiro, fui levado a agradecer pela esperança que está em meu coração, mas também a orar para que aquelas pessoas igualmente pudessem conhecer essa esperança por meio do Espírito.

Também oro para que, à medida que você consegue entregar sua confiança a Ele, você transborde de esperança em qualquer situação.

Autor

  • Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 27º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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