Como a reação de João Batista no ventre de sua mãe nos ensina a encarar o Natal?
Se você tivesse que fazer uma lista dos personagens envolvidos na história do Natal na Bíblia, João Batista provavelmente não seria um deles.
De certa forma, isso faz sentido, uma vez que ele não está vinculado diretamente ao nascimento de Jesus.
Contudo, os Evangelhos nos apresentam uma interação entre os parentes João e Jesus, ambos ainda nas barrigas de suas respectivas mães (Lucas 1.39-45). Dos pouquíssimos relatos que temos relacionados ao tempo logo antes e durante o nascimento de Jesus, um deles envolve João Batista, o que traz ainda mais importância a esse momento.
Por isso, também vale a pena refletir sobre ele nesta época do ano.
“Naqueles dias, Maria se aprontou e foi depressa à região montanhosa, a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre. Então Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: ‘Bendita é você entre as mulheres, e bendito o fruto do seu ventre! E que grande honra é para mim receber a visita da mãe do meu Senhor! Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da saudação que você fez, a criança estremeceu de alegria dentro de mim. Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor’.” (Lucas 1.39-35)
Qual foi a reação de João Batista?
A Bíblia diz duas vezes que ele “estremeceu” (v. 41,44). No versículo 44, é explicado que se trata de uma reação alegre – “estremeceu de alegria”.
Como devemos imaginar essa reação?
O termo grego para “estremecer” é skirtaō e era usado para o galopar de potros e outros animais.[1] Na Bíblia, a palavra adquiriu o sentido de “saltar de alegria” ou somente “alegria” (Lucas 6.23, baseada justamente no movimento dos animais).
Na Septuaginta (LXX), a tradução grega do Antigo Testamento, ela aparece em conexão com a alegria da restauração final que virá no fim dos tempos: “Mas para vocês que temem o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas. Vocês sairão e saltarão [skirtaō] como bezerros soltos da estrebaria” (Malaquias 4.2).
João, como o perfeito precursor do Messias, nos mostra qual deve ser a nossa postura.
Ainda no ventre de sua mãe, a primeira reação de João é se alegrar pela vinda de Jesus, pela promessa do Messias. E ele continuaria com a mesma atitude cerca de trinta anos depois, quando encontra Jesus no deserto da Judeia: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o escuta se alegra muito por causa da voz do noivo. Pois essa alegria já se cumpriu em mim” (João 3.29).
Comentando sobre a passagem de Lucas 1, Hernandes Dias Lopes escreve: “O tema principal desta seção é alegria, e há três pessoas alegrando-se no Senhor: Isabel, João e Maria”.[2]
João, como o perfeito precursor do Messias, nos mostra qual deve ser a nossa postura.
Que, assim como ele, estremeçamos de alegria à medida que nos aproximamos de mais um Natal, quando lembramos do maravilhoso nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Notas
- G. Fitzer, “skirtáō”, Dicionário Teológico do Novo Testamento, ed. G. W. Bromiley, G. Friedrich e G. Kittel, vol. 2 (São Paulo: Cultura Cristã, 2013), p. 424.
- Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), p. 54.
