Leão XIV Será o Último Papa?

Com a eleição de um novo papa, surgiu a teoria de que ele seria o último. Como os cristãos devem responder a esse tipo de alegação? O que a Bíblia tem a nos dizer sobre isso?

Sempre que há uma mudança impactante no mundo, como a eleição de um novo papa, a criação de alguma aliança entre nações, ou algum fenômeno natural (um terremoto, por exemplo), surgem e ressurgem diversas teorias da conspiração envolvendo o fim do mundo, o Apocalipse, profecias milenares, entre outras coisas do tipo.

Com a eleição do novo papa, o norte-americano Leão XIV, certas pessoas começaram a afirmar que ele seria o último líder da Igreja Católica Romana. Confesso que não me envolvo com teorias da conspiração, mas, depois de conversar com uma pessoa no começo desta semana justamente sobre esse assunto (ela acreditava e propagava essa teoria), decidi trazer uma resposta em três partes acerca da possibilidade de Leão XIV ser o último papa. Meu desejo é trazer uma resposta bíblica à pergunta: como os cristãos devem responder à alegação de que este novo papa será também o último?

1. Não temos como saber

Infelizmente, alguns cristãos – dentre eles a pessoa com a qual conversei – parecem esquecer de certos textos bíblicos centrais no que diz respeito ao retorno do Senhor.

Em Atos 1, os discípulos perguntam a Jesus quando virá o fim, “o tempo em que o Senhor irá restaurar o reino a Israel” (v. 6), que respondeu: “Não cabe a vocês conhecer tempos ou épocas que o Pai fixou pela sua própria autoridade” (v. 7). A afirmação de Cristo é clara: não nos cabe saber quando Jesus irá voltar; trata-se de um conhecimento exclusivo da parte de Deus.

Ela também nos incentiva a não entrarmos em especulações bobas. Se não sabemos quando Jesus irá voltar, então a Bíblia não nos dá a opção de falarmos coisas como “o fulano será o último papa” ou “o ciclano será o último presidente do Brasil”, entre outras.

Resumindo a primeira parte da resposta: a Bíblia não diz, então não temos como saber.

2. Portanto, não vamos agir com base nisso

Se a Bíblia diz claramente que não sabemos quando Jesus voltará, então nenhum acontecimento na terra pode nos fornecer o momento, o local e o dia, pois isso vai contra o registro das Escrituras.

Logo, não é da vontade de Deus que nós tomemos decisões com base nisso. Não devemos trocar de emprego, de cidade, de carro, de amigos etc. porque acreditamos que o fim será em tal e tal momento. Devemos fazer essas coisas quando, através da revelação de Deus, seja na leitura e meditação da Palavra, seja na oração, seja na comunhão com irmãos…, percebemos que uma mudança precisa ser feita.

Na segunda carta aos Tessalonicenses, temos um exemplo muito prático. Pelo contexto das duas cartas aos cristãos que viviam em Tessalônica, muitos comentaristas acreditam que Paulo estava lidando com certos crentes que, por acreditarem que Jesus logo voltaria, pararam de trabalhar.[1] A resposta do apóstolo é clara: “Porque, quando ainda estávamos com vocês, ordenamos isto: ‘Se alguém não quer trabalhar, também não coma’. Pois, de fato, ouvimos que há entre vocês algumas pessoas que vivem de forma desordenada. Não trabalham, mas se intrometem na vida dos outros. A essas pessoas determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão. Quanto a vocês, irmãos, não se cansem de fazer o bem” (2Tessalonicenses 3.10-13).

Se a Bíblia diz claramente que não sabemos quando Jesus voltará, então nenhum acontecimento na terra pode nos fornecer o momento, o local e o dia.

Isso não quer dizer que não devemos viver esperando o retorno de Cristo. Na verdade, já estamos nos adiantando, porque essa é a terceira parte da nossa resposta.

O que isso quer dizer é que não devemos agir, especialmente quando lidamos com decisões de curto e médio prazo, como se soubéssemos que ele vai voltar em tal dia/mês/ano ou até tal momento (neste caso, a morte do papa).

Devemos ser sóbrios. É exatamente isso que Paulo pede aos cristãos que estavam sendo enganados por “más companhias” naquele que é um dos grandes capítulos do Novo Testamento sobre a volta de Cristo e a ressurreição corporal: “Voltem à sobriedade” (1Coríntios 15.34).

Dito isso, nossa resposta até aqui ficou: a Bíblia não diz, então não temos como saber. Portanto, não vamos agir com base nisso.

3. Mas vivamos na expectativa como se fosse!

Todos os cristãos concordam que a volta de Cristo se aproxima a cada dia que passa, a cada ano que vira, a cada papa que assume seu posto.

Se o apóstolo Paulo, que viveu no primeiro século d.C., já podia escrever aos cristãos em Roma: “E digo isto a vocês que conhecem o tempo: já é hora de despertarem do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (Romanos 13.11), quanto mais nós devemos afirmar isso, que vivemos cerca de dois mil anos depois!

O fato é que devemos viver na expectativa do retorno iminente de Cristo independentemente das circunstâncias ao nosso redor. Se há guerra ou paz. Se há ou não um novo papa.

Nós não vivemos e esperamos a mudança do papa ou outra coisa terrena, mas o retorno do nosso Salvador.

Nos Evangelhos, Jesus repetiu muitas vezes que seus seguidores devem possuir um espírito de alerta e prontidão, e isso não muda quando, por exemplo, um novo papa surge. Nós não vivemos e esperamos a mudança do papa ou outra coisa terrena, mas o retorno do nosso Salvador, aquele que virá nos buscar, entre nuvens, para estarmos para sempre com ele, uma mensagem que nos traz consolo e esperança (1Tessalonicenses 4.16-18).

Concluindo, nossa resposta em três partes à pergunta sobre o papa atual ser ou não o último ficou: a Bíblia não diz, então não temos como saber. Portanto, não vamos agir com base nisso, mas vivamos na expectativa como se ele fosse!

Maranata! Vem, Senhor Jesus!

Nota

  1. John F. Walvoord e Mark Hitchcock, 1 e 2Tessalonicenses, trad. José Fernando Cristófalo (Porto Alegre: Chamada, 2020), p. 231.

Autor

  • Sebastian Steiger (B.Th., Staatsunabhängige Theologische Hochschule Basel) é editor do Ministério Chamada no Brasil. Também formado em administração, sua paixão tem sido estudar tudo o que envolve o Antigo Testamento. Casado com Débora, tem uma filha.

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