O propósito fundamental da revelação profética do sermão no monte das Oliveiras é guiar as pessoas para que vivam sabiamente no presente.
É possível entender algo bem o suficiente e até ter um bom desempenho, mas ainda contar como perda se negligenciarmos os fundamentos. A principal tarefa na vida é dar prioridade ao que é mais fundamental, o que certamente é verdade no que diz respeito aos ensinamentos proféticos da Bíblia. Embora seja possível esgotar todos os detalhes futuros relacionados à vinda do Senhor, o propósito fundamental da revelação profética do sermão no monte das Oliveiras (Mateus 24–25) é guiar as pessoas para que vivam sabiamente no presente.
A Bíblia revela o futuro para dar motivação e perspectiva apropriadas para o aqui e agora. Mateus 25 indica a vasta diferença entre atitudes passivas e temporais em relação ao futuro e uma perspectiva sábia que toma decisões eternas. Deus quer que as pessoas vivam tendo em vista o seu reino vindouro, resultando em uma esperança purificadora, assim como o próprio Senhor é puro (1João 3.3). Mateus 25 motiva-nos a viver uma vida piedosa (santa e pura), com vistas ao futuro.
Estar preparado (Mateus 25.1-13)
Mateus 24 concluiu com uma exortação para estar preparado para a vinda do Senhor. Mateus 25 começa com uma parábola baseada na sabedoria daqueles que estão preparados para a vinda do Senhor, em contraste com a tolice daqueles que não estão. A preparação, a prontidão e a vigilância são enfatizadas.
A Bíblia revela o futuro para dar motivação e perspectiva apropriadas para o aqui e agora.
A parábola das dez virgens enfatiza a sabedoria (v. 1-13). Todas as dez tinham a mesma quantidade de tempo para se prepararem, contudo, cinco foram imprudentes e cinco prudentes. Algumas aproveitaram o tempo que lhes estava disponível e estavam prontas para a vinda do noivo, o qual, à vista de Mateus 9.15, é o próprio Jesus (o que é uma ilustração ousada para ele utilizar, uma vez que o Antigo Testamento frequentemente descreve Deus [não o Messias] como o noivo, e Israel como a noiva [Isaías 54.4-6; Jr 2.2; 3.1-14; 31.32; Oseias 1.2; 2.7,14-23; 3.1-5; etc.]). As virgens prudentes “que estavam preparadas entraram com ele [o noivo] para a festa do casamento [o reino do Senhor]. E fechou-se a porta” para aquelas que foram imprudentes e estavam despreparadas (Mateus 25.10).
A diferença é entre as imprudentes e as prudentes, em oposição ao mau e ao bom; algumas eram prudentes e atentas, enquanto outras eram imprudentes e desatentas. A penalidade foi severa para as imprudentes; não lhes foi permitido que entrassem na festa de casamento. Quando a porta se fechou, ela nunca mais se abriria outra vez. “Em verdade lhes digo que não as conheço” (v. 12) é uma declaração decisiva de rejeição, e certamente as mais sérias palavras daquele que disse: “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem” (João 10.14).
A mensagem da parábola é simples: “Vigiem” (Mateus 25.13a). Quando o noivo vier, ficará evidente quem é salvo (v. 4 – quem tem “óleo”, um emblema do Espírito Santo, cf. Zacarias 4.1-7). Ninguém está pronto para a vinda do Senhor sem o Espírito Santo. Os hipócritas fingem ser o que não são ou afirmam acreditar naquilo em que não creem; seu comportamento contradiz o que eles realmente creem e sentem. Na antiguidade, um hipócrita era um ator que assumia um personagem e usava uma máscara para esconder sua verdadeira identidade, retratando-se aos outros de maneira fingida. A hipocrisia é característica dos tolos que não têm fé verdadeira, mas afirmam serem salvos (razão pela qual foram classificados entre as virgens). Estar preparado para a vinda do Senhor prova se alguém confia nele e o respeita pessoalmente.
Ser fiel (Mateus 25.14-46)
Enquanto a parábola das virgens enfatiza o estado de alerta espiritual, a parábola dos talentos prioriza o serviço fiel (v. 14,19,21,23,26,30). A parábola começa com uma declaração direta de que o senhor partiu, “ausentando-se do país”, e “confiou os seus bens” aos seus servos (v. 14). O contexto parece indicar que a partida do senhor era necessária, devido a assuntos governamentais ou a uma campanha militar – especialmente porque a parábola conclui com Jesus declarando que, quando ele “vier na sua majestade”, será para julgar “todas as nações” (v. 31-32).
Enquanto a parábola das virgens enfatiza o estado de alerta espiritual, a parábola dos talentos prioriza o serviço fiel.
O juízo é o contexto, como fica evidente nos paralelos: o senhor retorna para acertar contas com seus servos, assim como o Filho do Homem retornará para julgar todas as nações. Entender esse contexto ajuda a esclarecer as ações do terceiro servo, que perversamente enterrou todas as posses que lhe foram entregues, o que é característico de tempos de guerra (Jerusalém cairia diante dos romanos em 70 d.C., que é exatamente o evento profetizado em 24.2).
A resposta do senhor ao terceiro servo revelou que os motivos deste eram desleais, malignos e sem amor (25.26). Sua preguiça não era por lhe faltar habilidade ou oportunidade; antes, ele simplesmente se recusou a investir no trabalho de seu senhor, pois acreditava egoisticamente que os perigos superavam quaisquer riscos motivados pela fé (v. 24-30). Os outros dois servos tinham fé em seu senhor, e, assim, enxergavam o seu retorno como motivo suficiente para investir os recursos atribuídos durante o tempo de guerra (v. 16-23). O senhor ficou irado com o terceiro servo, pois ele era infiel e egoísta, pretendendo utilizar a ausência de seu senhor para sua própria vantagem pessoal (cf. Lucas 12.41-48).
A parábola dos talentos é uma condenação sobre aqueles com muito privilégio e responsabilidade (cf. Mateus 13.12), mas que foram caracterizados como estéreis e infiéis (21.18-32). Eles serviam seus próprios desejos lamentáveis (21.33-41), culminando assim em sua própria destruição (v. 42-44). Apenas aqueles alertas à vinda do Mestre serão salvos, e, portanto, capazes de participar da bem-aventurança de seu reino vindouro. Em oposição à deslealdade, os servos do Senhor devem investir recursos por meio de obediência radical, justa e até mesmo arriscada a ele (sempre por sua graça e para a sua glória). Não é o sucesso notável, mas a fidelidade que é recompensada.
O Fim do Mundo Segundo Jesus de Nazaré
Utilizando como base o discurso de Jesus no monte das Oliveiras conforme lemos em Mateus 24 e 25, este livro procura explicar o que Jesus falou acerca dos últimos dias.
A parábola dos talentos foi proferida pouco antes da conclusão do ministério terreno de Jesus. Antes dessa parábola, o Senhor purificou o templo, expulsando os cambistas (21.12-17). Subsequentemente, o Senhor ensinou outra parábola, retratando lavradores (21.33-46), os quais representavam os líderes religiosos de Israel no primeiro século, que eram responsáveis por pastorear o povo de Deus. O propósito da parábola era ilustrar o juízo de Deus contra eles por terem rejeitado a Jesus.
Jesus também obteve vitória sobre os líderes religiosos em sua pergunta cuidadosamente concebida e planejada a respeito do pagamento de impostos (22.15-22), que era um assunto muito mais volátil naquela época do que nas discussões modernas. O momento da resposta de Jesus foi crítico, pois era um momento crucial, em que era necessária uma ação decisiva da parte do Senhor. Pegando emprestada uma moeda com a inscrição e figura de César (que, ironicamente, ele não possuía, mas aqueles que procuravam pegá-lo em uma armadilha sim), ele proferiu algumas das palavras mais importantes da história: “Deem, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (v. 21). O impacto das palavras de Jesus sobre a civilização ocidental é colossal, pois o Senhor reconheceu a legitimidade do governo humano (cf. Romanos 13.1-7; 1Timóteo 2.1-6; 1Pedro 2.13-17), ao mesmo tempo em que priorizou a responsabilidade maior para com Deus, que criou a humanidade e redime os crentes pela graça através da fé.
Aguardar a vinda do Senhor exige prontidão e determinação fiéis: realizar o que Deus preparou exclusivamente para você fazer.
A seção final do sermão de Jesus não é uma parábola (v. 31-46), mas uma descrição de avaliação ou julgamento quando o Filho do Homem vier em sua glória (cf. 24.30). As únicas alternativas à divindade de Jesus são que ou ele era louco, ou era mau. Ele é mau, maluco ou Deus: um mentiroso, um lunático, ou Senhor. Jesus disse que ele “se assentará no trono da sua glória” (v. 31), palavras que indicam que ou ele era culpado de megalomania (delirante quanto à sua importância ou poder), ou ele é verdadeiramente o Senhor da glória, que julgará todas as nações a partir de seu trono.
Enquanto as duas parábolas de Mateus 25 enfatizam vigilância e fidelidade, os versículos finais do capítulo focam todas as nações. Jesus repetidamente enfatizou o destino eterno daqueles que não são fiéis e verdadeiros (cf. 18.23-34; 20.1-16; 21.33-41; 22.1-14; 24.45-51), e então revelou a necessidade de se estar pronto para o momento em que ele dividirá toda a humanidade em duas categorias: ovelhas ou cabritos (25.32-33). O destino eterno de uma pessoa estará determinado e imutável quando ela estiver diante do Senhor da glória (v. 34-46). Aguardar a vinda do Senhor exige prontidão e determinação fiéis: realizar o que Deus preparou exclusivamente para você fazer.
Autor
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Ron J. Bigalke (Ph.D., Tyndale Theological Seminary) fundou em 1999 a missão Eternal Ministries junto com sua esposa. Membro da diretoria do Ministério Chamada nos Estados Unidos, Bigalke colabora frequentemente em revistas, livros e artigos para a internet. Além disso, é o editor-geral de quatro obras. Sua ênfase atual está nas áreas de apologética, estudo bíblico, pensamento eclesiástico, historiografia, teoria política e teologia. Casado com Kristin, possui dois filhos.