Manjedoura, Cruz, Túmulo e Trono

Podemos dividir a história do Natal em quatro etapas importantes. Quais são elas e qual a importância delas?

Contar histórias é uma arte. Um bom contador de histórias sabe enfatizar momentos-chave, as tensões e os conflitos que dão profundidade à história.

Um dos recursos mais usados é dividir o relato em etapas. Muita embora contínua, uma boa história se divide em fases para dar um ritmo e mesmo sequência aos eventos. Sejam cenas ou atos, sejam capítulos ou episódios, no final o que importa é que a história se concentre em determinados momentos ou situações, facilitando ao ouvinte compreender a trama como um todo.

Dito isso, eu gostaria de propor que você e eu vejamos a história do Natal em seu contexto maior. Nele, o Natal é apenas um dos episódios.

Muito embora pudéssemos dividir de muitas maneiras, para este artigo vou sugerir que pensemos em quatro cenas.

1. Manjedoura

A primeira cena é a manjedoura – o relato de Lucas 2.1-20 nos apresenta uma descrição da cena repleta de significado, mas sem comentários ou análises. João, por outro lado, descreve-a de uma forma muito mais analítica, explorando seu significado: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14).

Nesta cena temos o cumprimento de centenas de profecias e da promessa fundamental feita em Gênesis 3.15 de que o descendente da mulher pisaria a cabeça da serpente.

Não conseguimos ir até ele se ele não vier até nós em primeiro lugar.

Nesta cena temos o milagre da encarnação, a realidade surpreendente de que o Deus Todo-poderoso e Criador assumiu forma humana e veio habitar entre nós. Aqui fica evidenciado tanto o amor de Deus como nossa profunda necessidade de que ele viesse até nós. Não conseguimos ir até ele se ele não vier até nós em primeiro lugar.

2. Cruz

A segunda cena é a cruz. Na verdade, todos os relatos sobre a vida e os ensinos de Jesus apontam para seu propósito maior: o sacrifício vicário para pagar os nossos pecados. Em outras palavras, Jesus nasceu para morrer como propiciação por nossos pecados (Romanos 5.8-11). 

Uma vez mais temos aqui o cumprimento de centenas de profecias. Conforme o apóstolo Paulo escreveu em Romanos 1.17, “no evangelho é revelada a justiça de Deus”. Sua justiça é revelada, pois todo pecado deve ser pago, e sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hebreus 9.22).

No entanto, embora a cruz pague a nossa dívida, ela não derrota a morte – que é a consequência do pecado. Para demonstrar sua vitória sobre a morte, temos a próxima cena.

3. Túmulo

A penúltima cena é a do túmulo vazio. Como postou Charles Kirk dias antes de sua morte, “Jesus derrotou a morte para que você possa viver”. Paulo escreve acerca dessa realidade em 1Coríntios 15.56-58. Sua ressurreição torna público o fim da penalidade da morte, pois ele morreu a nossa morte para que possamos viver a sua vida (Romanos 6.8-11).

Ele morreu a nossa morte para que possamos viver a sua vida.

No entanto, para todo cristão é evidente que a promessa de uma vida abundante ainda não se realizou nesta vida. Sim, experimentamos aspectos da vida eterna, mas ainda aguardamos dos céus a bendita esperança. Assim, chegamos à quarta cena.

4. Trono

A quarta cena é o trono. Jesus nasceu para morrer na cruz e ressuscitou para que tenhamos vida. Ao mesmo tempo, a história não está completa. Ele prometeu que viria buscar sua igreja e que sua justiça ficaria evidente para toda a terra.

A última cena ainda não se cumpriu; ainda esperamos pelo dia em que estaremos diante dele e do trono (Apocalipse 5.12-13), onde toda a história encontra seu apogeu.

Enquanto aguardamos a completude dessas cenas, convido-o a refletir neste Natal sobre Jesus, que é revelado nessas cenas. Aquele que revela em seu viver o Pai e que nos abençoa vivendo entre nós.

A você e aos seus, um feliz Natal!

Autor

  • Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 27º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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