Diante das diversas notícias sobre a apreensão israelense de um barco com ativistas rumo a Gaza, como devemos cuidar para não nos tornarmos cegos à verdade?

Nestes últimos dias, fomos surpreendidos pelo drama envolvendo um barco levando ajuda humanitária a Gaza que foi interceptado pela marinha de Israel. Temos ouvido relatórios e reportagens das mais diferentes abordagens e interpretações. A bordo do barco estavam Greta Thunberg, conhecida ativista climática sueca, Thiago Ávila, um ativista brasileiro, e cerca de dez outros passageiros. Logo antes de serem abordados, Greta publicou um vídeo em afirmava estar sendo sequestrada por forças de ocupação israelenses.

Muito poderia ser dito sobre o propósito daquele navio, qual o papel dessa jovem no conflito e o caráter abertamente anti-Israel e pró-Palestina de toda a operação. O que me chocou, no entanto, foi a afirmativa de que estava sendo sequestrada e pedia para que o governo sueco fizesse todo os esforços por sua libertação. Greta pode ter algumas dificuldades emocionais, mas não é uma pessoa ignorante. Acredito que ela sabe muito bem o que é um sequestro.

Quando as forças navais israelenses tomaram o barco, todos receberam água e alimentos. Foram levados a Tel-Aviv e passaram por um exame médico para atestar o estado de saúde. No dia seguinte (terça, 10 de junho), todos os que aceitaram assinar os documentos de deportação foram embarcados em voos comerciais para seus países de origem. Enquanto isso, além das atrocidades realizadas contra os sequestrados pelo Hamas, incluindo estupro, tortura, fome e assassinato, um grupo de mais de 50 reféns ainda está sob o poder deste grupo terrorista. Qualquer comparação não é só indevida como ofensiva.

Sendo filhos de Deus, somos habitados pelo Espírito Santo que nos guia em toda a verdade.

Pergunto-me o que faz pessoas inteligentes (não tenho nenhuma razão para pensar o contrário), com acesso a informação (no caso, o grupo ainda em Israel se recusou a assistir um vídeo relatando o que ocorreu durante o ataque) e algum tipo de consciência moral (ainda que informada por padrões humanistas) estabelecerem essa comparação. Como podem comparar ações que horrorizaram o mundo – e com requintes de crueldade – com uma ação policial (seja ela legal ou não)?

A pergunta nos interessa, pois, humanos como eles, somos sujeitos aos mesmos erros e preconceitos. Sendo filhos de Deus, somos habitados pelo Espírito Santo que nos guia em toda a verdade (João 16.13). Ainda assim, não quero me tornar cego e me encontrar lutando contra a verdade. O apóstolo Paulo trata de pessoas nessa condição em Romanos 1.20-22:

Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos…

Devido ao fato de terem rejeitado a Deus, Paulo afirma que seus pensamentos se tornaram fúteis, seus corações se obscureceram e tornaram-se loucos. A palavra traduzida por “loucos” é usada cinco vezes no Novo Testamento. Duas vezes claramente traduzida por “tolo” ou “louco”, nas demais ocorrências é curiosamente usada no sentido de “sabor perdido ou sem gosto”. Em outras palavras, “insípido”, “fútil”. Então, podemos entender que essas pessoas, ao rejeitarem a Deus como referencial absoluto, se perdem em seus pensamentos “sem sabor” ou sem sentido. A raiz então dessa “loucura” é justamente terem rejeitado a Deus como premissa.

Essas pessoas, ao rejeitarem a Deus como referencial absoluto, se perdem em seus pensamentos “sem sabor” ou sem sentido.

Os ativistas mencionados acima rejeitam a Deus, buscando a partir daí outros valores como fundamentais. No entanto, qualquer valor sem Deus torna-se vazio, não se sustenta. Por exemplo, as sociedades que, abandonando a crença em Deus, se envolvem em crenças ambientalistas, afirmam que o ser humano não tem mais valor que os animais, afinal somos todos seres vivos. Curiosamente, essas mesmas sociedades também começam a relativizar o valor da vida humana, promovendo tanto o aborto como a eutanásia; em outras palavras, toda vida tem valor, exceto o não nascido ou o dependente. Suas palavras parecem sábias e evoluídas, mas no final são loucas. No Brasil, matar um animal de espécie ameaçada é considerado um crime hediondo e inafiançável, já o aborto…

Ao ver esses seres humanos – que são amados por Deus – rejeitando-O se tornando “loucos”, minha oração é que eles tenham oportunidade de se arrepender e se voltar para Jesus. E minha oração por você, meu irmão, minha irmã, e por mim é que continuemos buscando a Deus de forma que não nos julguemos sábios de acordo com o mundo, mas sábios de acordo com nosso Deus (Provérbios 9.10).