Analisando Romanos 1.7, podemos aprender três características dos cristãos: eles foram amados, chamados e santificados.
Acho interessante como a nossa identidade é quase sempre definida por nossos relacionamentos. Começamos a vida como filhos de Cora e Délio (no meu caso). Dependendo do ambiente, ao chegar na escola ou em um grupo de amigos, somos irmão de… Com o tempo, se nos casarmos, tornamo-nos marido ou esposa de… Quando chegam filhos, apresentamo-nos na escola deles como pai ou mãe de… No momento, dependendo do ambiente, eu sou o avô da Chloe e do Klaus.
É claro que a nossa identidade não se baseia exclusivamente em relacionamentos, mas é um dos critérios mais usados socialmente, mesmo que seja com relação ao cargo que ocupamos em uma empresa ou igreja.
Na vida cristã, temos uma identidade firmemente ancorada em Deus. Nada pode ser mais firme ou seguro. Nele não há mudança – o que é hoje, ele sempre foi e será. Nos primeiros versículos da carta de Paulo aos Romanos, o apóstolo se dirige àqueles a quem está escrevendo assim: “A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Romanos 1.7).
Há uma ampla discussão entre estudiosos sobre a interpretação da primeira frase. Em seu comentário, o pastor John MacArthur escreve: “Parece que o melhor seria colocar uma vírgula e traduzir esse trecho como amados, chamados e santos como bençãos conectadas, mas distintas do cristão”.[1] Tendo isso em mente, Paulo está descrevendo três características dos cristãos em Roma e, creio eu, de todos os cristãos: (1) somos amados, (2) somos chamados e (3) somos santos.
Ao ler e meditar sobre esse trecho, fui impactado por sua implicação em minha vida. Gostaria de compartilhar com vocês alguns dos conceitos que pude aprender:
1. Somos amados
Esta é a primeira característica de nossa identidade em Cristo. Em 1João 3.1, lemos: “Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos!”. Realmente, o privilégio de sermos filhos de Deus é a essência das bênçãos do evangelho. E esta relação com Deus expressa o infinito amor que ele tem por nós.
Em Cristo somos amados de um modo que o mundo nunca pode oferecer.
Vivemos em um mundo onde somos frequentemente oprimidos, atacados, ameaçados, injuriados, diminuídos. Assim, à medida que crescemos, desenvolvemos estratégias para receber amor. Alguns optam por ser os mais gentis possíveis, outros buscam a beleza ou sensualidade, outros ainda poder ou dinheiro. No entanto, todas essas estratégias nos deixam sem amor verdadeiro, incondicional e fiel. Em Cristo somos amados de um modo que o mundo nunca pode oferecer.
2. Somos chamados
Somos primeiramente chamados para a salvação, mas o conceito de nosso chamado é muito mais amplo. Deus não nos chama apenas para a salvação, mas também para o serviço, para uma vida santa e para um modo único de contribuir para sua obra. Em Gálatas 1.15-16, lemos: “Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma”. Com isso podemos descansar no fato de que fomos escolhidos, selecionados – não por mérito, mas por sua graça.

3. Somos santos
De certa forma, somos chamados à santidade (1Pedro 1.16); ao mesmo tempo, somos considerados santos por termos sido separados para a glória dele. Paulo se dirige aos cristãos de Éfeso, por exemplo, como “santos e fiéis” (Efésios 1.1). De uma forma muito clara, temos uma santidade posicional, ou seja: somos vistos por Deus como separados para sua glória e por isso santos. Isso não nos isenta de buscarmos um estilo de vida santo, mas não é uma questão de conquista ou mérito, mas de se alinhar com nossa identidade.
Não sei como anda sua percepção de si mesmo. Talvez você esteja se vendo como alguém sem importância ou alguém “abandonado”. Muito pelo contrário, se você está em Cristo, você é amado, chamado e santo! Vivamos de acordo com quem somos em Cristo!
Nota
- John MacArthur, Romans 1–8, The MacArthur New Testament Commentary Series (Chicago: Moody Publishers, 1991), edição do Kindle.
Autor
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.
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