Quem São Nossos Heróis?

Muitas pessoas conquistam nossa admiração por suas qualidades ou habilidades. Devemos nos espelhar nelas? Qual o padrão de herói que devemos ter?

Como seres humanos, cultivamos heróis. Estes são pessoas que personificam, de alguma forma, os mais elevados valores de uma cultura, seja coragem, sacrifício, perseverança, ou outra virtude. Nesses últimos dias tenho assistido surpreso a queda do regime de Bashar al-Assad, ex-presidente da Síria. O final de sua queda foi meteórico, mas o conflito que vem afetando seu governo tem mais de dez anos. Bashar se preparava para uma carreira médica quando, devido à morte de seu irmão mais velho, foi chamado de volta a Damasco para assumir como sucessor de seu pai.

Bashar, talvez devido à sua formação no ocidente, assumiu o governo em 2000 com promessa de modernização e democracia, mas um ano após assumir o governo começou a endurecer, proibindo eleições livres e perseguindo opositores políticos. Existem vários relatos de crimes do governo com uso de armas químicas e extermínio sem qualquer processo legal. No entanto, foi a partir de 2011, com a famosa “Primavera Árabe” que eclodiu em vários países, que a Síria mergulhou em uma guerra civil clara. Tanto etnias, como os curdos, como facções muçulmanas radicais, como o Hezbollah, entraram em conflito pelo controle da Síria. Ao longo dos últimos 13 anos estimativas indicam mais de 500 mil civis mortos, 130 mil aprisionados e mais de cinco milhões de refugiados.

Essa breve história e seu rápido desfecho na última semana poderiam ser relegados a mais um relato triste dos conflitos no Oriente Médio. No entanto, para minha surpresa, descobri que esse indivíduo é detentor da mais alta condecoração do governo brasileiro, o Grande Colar da Ordem do Cruzeiro do Sul, conferido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. De forma geral, condecoramos heróis por reconhecer neles atos e posturas que queremos cultivar. É possível que, após uma condecoração, fatos surjam que justifiquem a retirada da dita condecoração. A França, que também havia condecorado Bashar al-Assad, retirou sua condecoração em 2018.

De forma geral, condecoramos heróis por reconhecer neles atos e posturas que queremos cultivar.

Antes de nos perdermos em mais uma longa lista de acusações contra o governo ou em elogios a outros políticos, importa refletir sobre quem devemos cultivar como heróis. No salmo 16, versículos 2 e 3 lemos:

“Ao Senhor declaro: ‘Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti’. Quanto aos santos que há na terra, digo: ‘São eles os notáveis em quem está todo o meu prazer’.”

Davi afirma que Deus é seu único bem, tudo o mais perde valor diante dele. Logo depois ele afirma que as pessoas que ele admira são aqueles que também se voltam para o Senhor. Em outras palavras, esses são os heróis de Davi, e são heróis pois buscam a Deus, a quem Davi adora. Vamos parar por um momento e refletir sobre essa linha de pensamento. 

Certamente conhecemos muitas pessoas dignas de admiração por seu intelecto, por suas habilidades, por suas conquistas. Penso aqui em jogadores de futebol que têm habilidades incríveis, por artistas que com frequência produzem coisas realmente belas, por homens de negócios que são perspicazes e sabem ler e aproveitar bem as oportunidades. No entanto com frequência são pessoas que não apenas não buscam a Deus, como também zombam dele. É incrível como pessoas com habilidades especiais são convocadas pela mídia para dar sua opinião sobre temas a respeito dos quais não conhecem quase nada. Basta abrir a internet para ver pessoas famosas tecerem os mais radicais conceitos sobre a família, apesar de já terem abandonado mais de um casamento.

“Quanto aos santos que há na terra, digo: ‘São eles os notáveis em quem está todo o meu prazer’” (Salmos 16.3)

Para mim é importante que Davi expresse que nos santos está “todo o meu prazer”. Esta é uma expressão de afeto, de alegria. Posso admirar um atleta excepcional por sua habilidade. Posso admirar um artista por sua destreza musical. Posso admirar um empresário por sua visão de negócios. No entanto, em nenhum deles estará o meu prazer, pois meu prazer está no Senhor e naqueles que o promovem com suas vidas e palavras.

Minha oração por mim e por você, caro leitor, é que tenhamos heróis que nos motivem a enfrentar os desafios da vida e a atingir novas conquistas. E, assim como Davi, que nossos heróis sejam aqueles que diante de Deus são considerados fiéis e notáveis!

Autor

  • Daniel Lima

    Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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