Toda escolha tem uma consequência. Você colhe conforme o que semeou, colhe mais do que semeou, e colhe mais tarde do que semeou.
Você já viu alguém se alegrar com o infortúnio de outra pessoa ou ficar arrogante ou insatisfeito quando a solidariedade é necessária?
Existe um ditado que diz: “O que vai, volta”. A Bíblia fala sobre isto da seguinte maneira: “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7). E nós geralmente colhemos muito mais do que semeamos.
Os edomitas exemplificam essa verdade. Quando deveriam mostrar solidariedade, eles mostraram soberba. Depois, eles tornaram as coisas ainda piores ao “intensificarem suas atitudes”. Finalmente, eles precipitaram seu próprio extermínio.
As vítimas eram os israelitas, os descendentes de Jacó. Os perpetradores eram os edomitas, os descendentes de Esaú, irmão de Jacó.
Embora Israel merecesse o juízo de Deus por transgredir a Aliança Mosaica, Deus irou-se contra os edomitas por sua atitude e pelo tratamento que deram aos seus primos distantes. Falando através do profeta Obadias, ele admoestou os edomitas de que seus aliados iriam traí-los e que suas habitações seriam arrasadas e ficariam mais vazias do que uma vinha depois da colheita ou que uma casa depois de ter sido roubada.
Deus prometeu-lhes: “Como tu fizeste, assim se fará contigo” (Obadias 15).
Por que Deus os destruiu?
1. Os edomitas mostraram soberba diante da desgraça de seus irmãos
Arrogantemente, eles se regozijaram porque os invasores humilharam Israel.
Sinceramente, Israel não havia sido o melhor dos vizinhos. O rei Saul havia lutado contra os edomitas. O rei Davi os havia derrotado e “pôs guarnições em Edom… e todos os edomitas ficaram por servos de Davi” (2Samuel 8.14).
Embora Edom tivesse readquirido sua liberdade, mais tarde foi vencido pelo rei Amazias, que “feriu dez mil edomitas no Vale do Sal e tomou a Sela na guerra; e chamou o seu nome Jocteel” (2Reis 14.7). Lutas e animosidade entre as duas nações foram constantes em quase todos os dias dos reis judeus.
No entanto, para Deus estas circunstâncias não justificavam a atitude de Edom. Ele detestava a arrogância de Edom e sua celebração diante do sofrimento de Israel.
A mensagem de Obadias é que os soberbos nunca vencem: “Quando cair o teu inimigo, não te alegres, e não se regozije o teu coração quando ele tropeçar; para que o Senhor não veja isso, e lhe desagrade, e desvie dele a sua ira” (Provérbios 24.17-18; cf. Obadias 15).
No salmo 35, Davi pediu a Deus que julgasse aqueles que se deleitavam com seus tropeços. Jó disse: “Se me alegrei da desgraça do que me tem ódio e se exultei quando o mal o atingiu (também não deixei pecar a minha boca, pedindo com imprecações a sua morte)” (Jó 31.29-30).
Jesus leva o ensinamento do Antigo Testamento a um grau ainda mais elevado:
“Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa deixa-o levar também a túnica. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (Lucas 6.27-29,35)
2. Os edomitas tiraram vantagem dos que estavam destituídos de tudo
Deus julgou Edom por seu tratamento arrogante e não solidário com relação aos israelitas derrotados.
“Não devias [Edom] ter parado nas encruzilhadas para eliminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem, no dia da angústia” (Obadias 14). Aparentemente, os edomitas mataram e escravizaram aqueles que tinham conseguido fugir. Mais tarde, eles entraram nas cidades arrasadas dos israelitas e as saquearam.
Não contentes em simplesmente serem soberbos, os edomitas deram um passo adiante: eles pilharam os destituídos. Em vez de se solidarizarem e confortarem os israelitas sobreviventes, eles os mataram ou aprisionaram e roubaram tudo de valor que puderam encontrar. Portanto, Deus prometeu apagar Edom da face da terra.
“Porque o Dia do Senhor está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça. Porque, como bebeste no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido” (Ob 15-16).
Esta é a lei da semeadura e da colheita
Você colhe aquilo que semeou. O apóstolo Paulo mostrou este princípio mais completamente em Gálatas 6.7-10:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.”
O afamado pregador Charles Stanley explicou muito bem os elementos dessa lei:
Toda escolha tem uma consequência. Se tomarmos decisões sábias e piedosas, podemos esperar que Deus nos recompense por nossa fidelidade. Se fizermos escolhas impulsivas ou pecaminosas, podemos saber que consequências negativas virão (Gálatas 6.7-8). Em outras palavras, você colhe conforme o que semeou, colhe mais do que semeou, e colhe mais tarde do que semeou. […] Embora o princípio use termos de agricultura, ele se aplica às coisas espirituais e, consequentemente, a toda a vida.[1]
Os edomitas semearam animosidade, assassinato, aprisionamento, roubo e destruição. Portanto, estavam destinados a colher as mesmas coisas ou até coisas piores.
O que você está semeando? Você guarda rancor por aqueles que lhe fizeram algum mal? Ou lhes presta assistência quando necessitam? Você está semeando para a carne ou para o Espírito? O expositor bíblico John Stott comentou:
Semear para a carne significa satisfazer-lhe as paixões, mimá-la, afagá-la, em vez de crucificá-la. […] Todas as vezes que permitimos que nossa mente abrigue rancor, alimente uma mágoa, entretenha uma fantasia impura, ou chafurde em autopiedade, estamos semeando para a carne. Todas as vezes que nos demoramos com más companhias, a cuja influência insidiosa sabemos que não conseguiremos resistir, todas as vezes que nos deitamos na cama quando sabemos que deveríamos estar alertas em oração, todas as vezes que lemos uma literatura pornográfica, todas as vezes que aceitamos um risco que enfraquece nosso autocontrole, estamos semeando para a carne. Alguns cristãos semeiam para a carne todos os dias e depois se perguntam por que não colhem santidade.[2]
Pelo lado positivo, Stott escreveu:
São os que semeiam para o Espírito (Gálatas 6.8) que colhem o fruto do Espírito. E semear para o Espírito significa cultivar as coisas do Espírito, por exemplo, usar com sabedoria o tempo do Dia do Senhor, a disciplina de nossa oração diária e da leitura da Bíblia, nosso culto regular e participação da Ceia do Senhor, nossas amizades com cristãos e nosso envolvimento no trabalho cristão. Um princípio inflexível de todos os tratamentos de Deus, tanto no âmbito material quanto no âmbito moral, é que colhemos segundo o que plantamos. A regra é invariável. Não pode ser mudada, pois “de Deus não se zomba” (Gálatas 6.7). Portanto, não devemos ficar surpresos se não colhermos o fruto do Espírito quando estamos semeando para a carne o tempo todo. Será que imaginamos que podemos trapacear com Deus ou fazê-lo de bobo?[3]
A respeito de semear para o Espírito, Charles Haddon Spurgeon, o grande pregador britânico do século 19, escreveu:
Semear se parece com um negócio perdedor, pois colocamos boas sementes de cereais no chão para nunca mais tornarmos a vê-las. Semear para o Espírito parece algo muito fantasioso, um negócio de sonhadores, pois negamos a nós mesmos e aparentemente não recebemos nada por isso. No entanto, se semearmos para o Espírito ao estudarmos como viver para Deus, ao buscarmos obedecer à vontade de Deus, e ao nos entregarmos para promover a sua honra, não estaremos semeando em vão. A vida será nossa recompensa, até mesmo a vida eterna. Isto nós desfrutamos aqui à medida que entramos no conhecimento de Deus, na comunhão com Deus e no desfrutar da presença de Deus. Essa vida flui como um rio cada vez mais profundo e mais amplo, até que nos leve ao oceano da infinita felicidade, onde a vida de Deus é nossa para todo o sempre.
Neste dia não vamos semear para a carne, pois a colheita será corrupção, uma vez que a carne tende para aquele lado; porém, com autocontrole santo, vamos viver para a finalidade mais elevada, a mais pura e a mais espiritual, buscando nosso Senhor Altíssimo através da obediência ao seu maravilhoso Espírito. Que magnífica colheita será quando colhermos a vida eterna! Que porções de infinita alegria colheremos! Que esplêndida festa será essa colheita! Senhor, faz de nós ceifeiros por amor de teu Filho.[4]
Quando nos deparamos com o infortúnio dos outros, é melhor dizermos: “Pela graça de Deus, o que posso fazer por você?”. Melhor ainda, faça aos outros aquilo que gostaria que fizessem a você. Tal semeadura colherá recompensas eternas.
Notas
- Charles Stanley, “The Principle of Sowing and Reaping”, Touch Ministries. Disponível em: www.tinyurl.com/StanleySR1.
- John R. W. Stott, The Message of Galatians (Leicester, Inglaterra: Inter-Varsity, 1968), p. 170.
- John Stott, Authentic Christianity, citado em “John Stott on the Spirit-Filled Christian for Pentecost”, TitusONENine (blog). Disponível em: www.tinyurl.com/Stott.
- Charles Haddon Spurgeon, citado em “Faith’s Checkbook”, Christianity.com, 2 maio 2014. Disponível em: www.tinyurl.com/spdevo.
Publicado originariamente na revista Israel My Glory (mar.-abr. 2015). Disponível em: https://israelmyglory.org/article/you-reap-what-you-sow/?hilite=Emmons.
Autor
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Richard D. Emmons (Ph.D., Westminster Theological Seminary) é professor de Bíblia na Cairn University há mais de 30 anos. Além disso, também serve como pastor sênior da GraceWay Bible Church, em Hamilton/NJ (EUA), desde 1992.