O Tribunal de Cristo

2Coríntios fala que nós cristãos também teremos de prestar contas diante de um tribunal. Afinal, se já fomos redimidos por Cristo, pelo que seremos julgados?

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” (2Coríntios 5.10)

Os destinatários da segunda carta aos Coríntios eram filhos de Deus, pessoas renascidas que um dia estarão com o Senhor. Apesar disso, 2Coríntios fala de um tribunal e de um julgamento que ainda virá. Está escrito que “todos nós” compareceremos diante do tribunal de Cristo. O apóstolo Paulo inclui a si mesmo ao usar o plural, nós. À primeira vista, essa passagem parece estar em contradição com João 5.24, que diz: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. Mas essas passagens serão contraditórias apenas se não levarmos em consideração que haverá diversos julgamentos futuros. Em sua carta aos coríntios, Paulo está mencionando um julgamento bem diferente daquele a que Jesus se refere no evangelho de João. Nós cristãos também teremos de prestar contas diante de um tribunal. Mas neste estará em julgamento apenas nosso galardão e não a sentença por nossos pecados. Nossa culpa foi expiada pelo sangue do Senhor Jesus, que Ele derramou na cruz do Calvário, onde pagou por toda a nossa culpa de uma vez por todas! “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados… Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades para sempre” (Hebreus 10.14,17). Em Colossenses 2.13-15, a Bíblia fala que o Senhor rasgou o escrito de dívida que era contra nós e que ele triunfou sobre o pecado e a morte. Existem passagens que dizem que somos participantes dessa vitória de Cristo, por exemplo 2Coríntios 2.14: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo…”. Que triunfo seria esse se um cristão acabasse perdendo sua salvação outra vez? Que vitória seria essa se o Deus Todo-Poderoso, que não poupou seu próprio Filho, permitisse que Satanás lhe arrancasse novamente seus filhos salvos e eleitos? Isso não seria triunfo! Mas nós somos vencedores por meio dele, já e desde agora: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Coríntios 15.57).

Nossa culpa foi expiada definitivamente e nosso pecado está esquecido. O escrito de dívida foi rasgado, não apenas colocado de lado para uma cobrança futura. Isso é perdão pleno e completo! Não há mais nada que acuse os filhos de Deus. É por essa razão que não entraremos mais em juízo. “Quem nele crê não é julgado…” (João 3.18).

O Tribunal de Cristo julga o quê?

Como podemos imaginar o Tribunal de Cristo? Obviamente qualquer tentativa de comparação é deficiente, mas eu gostaria de traçar alguns paralelos com a premiação do Oscar. Todos os convidados não vêm ao evento para serem insultados ou zombados; são personalidades escolhidas e privilegiadas participando dessa grande festa. Muitos deles são homenageados, recebem um Oscar, um buquê de flores, um beijinho no rosto ou alguma outra distinção. Mas nem todos recebem o prêmio máximo, que é a estatueta do Oscar. Obviamente haverá os frustrados por terem sido preteridos enquanto outros recebem as honrarias. Mas apesar das decepções, todo mundo fica feliz por estar ali, participando. É algo bonito, mesmo que os níveis de alegria e satisfação não sejam iguais para todos.

Segunda Coríntios 5.10 diz: “importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. Portanto, nossas obras estarão em julgamento, ou seja, o que fizemos ou deixamos de fazer com os dons e talentos que nos foram confiados – depois de salvos. Que fruto produzimos, que semente plantamos? Essas coisas serão reveladas no Tribunal de Cristo e condicionarão o que receberemos como recompensa. Um cristão deve produzir fruto e não contentar-se apenas com sua própria salvação. Deve servir com boas obras para alegrar seu Senhor. Essa é nossa tarefa: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).

Mas, o que são boas obras?

São aqueles atos e palavras que contribuem para a glorificação do nome de Deus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.16). Entendemos bem? Cada palavra e cada ato que contribui para que o nome do Senhor seja glorificado é uma boa obra.

O malfeitor na cruz não tinha nenhuma oportunidade de fazer o bem, apenas sua confissão: “Nós, na verdade, com justiça… recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” (Lucas 23.41). Essa foi uma boa obra, porque glorificou o nome de Jesus. Por exemplo, se eu prego a Palavra e depois do culto a igreja fica falando que eu sou o máximo como pregador, então minha mensagem certamente não foi uma boa obra, já que evidentemente desviei a atenção dos ouvintes do que é essencial, que é o Senhor, e a dirigi à minha própria pessoa. Mas se os ouvintes chegam à conclusão: “Como é grande o nosso Deus! Que salvador maravilhoso nós temos! Louvado seja o nome do Senhor!”, então essa minha mensagem foi uma boa obra. Ela honrou o Senhor e contribuiu para Sua glória.

Qual seu alvo ao fazer boas obras?

Pergunto: No que você faz ou deixa de fazer, sua motivação é agradar aos outros, agradar a si mesmo ou agradar ao Senhor e exaltar o seu maravilhoso nome? Cada um de nós tem a responsabilidade de usar para a glorificação de nosso grande e Todo-Poderoso Deus todos os dons que recebeu. O que realmente importa não é o quanto alguém faz mas a motivação de seu coração e a consagração e fidelidade em tudo o que realiza.

“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Coríntios 4.2). Deus não espera de nós atos grandiosos e heróicos. Ele espera nossa fidelidade genuína – nada mais e nada menos. Uma coisa é bem certa: o Senhor conhece nosso coração. Não conseguimos enganá-lo de forma alguma. Como é fácil ficar dizendo: “Tudo para o Senhor! Tudo para a glória de Deus!”, enquanto nosso coração fala uma linguagem bem diferente!

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No Tribunal de Cristo

Não será nossa arte dramática e nossa capacidade de representar e fingir que estará sendo avaliada quando estivermos diante do Tribunal de Cristo, mas a verdadeira disposição de nosso coração. Tudo o que um cristão possui na vida é dom de Deus. E quanto mais recebemos, mais teremos de prestar contas quando estivermos diante de Cristo. O parâmetro não é termos tido muitos admiradores para nossos dons ou sua apreciação e seu louvor para o que fizemos em vida, mas se fizemos o uso correto e adequado, de coração sincero, de tudo aquilo que o Senhor nos concedeu.

Você tem o dom de falar? Então não fique falando superficialidades, mas proclame o Senhor ressuscitado! Você tem o dom de escrever? Então não escreva extensos tratados de filosofia – que tão pouco proveito trazem, mas escreva de seu Senhor! Você tem o dom de contribuir? Então não jogue fora seu dinheiro em caça-níqueis ou jogos de azar mas use-o para Deus! Você tem o dom de servir? Então não sirva organizações seculares – “deixe os mortos sepultar seus mortos” –, sirva ao Senhor. Você tem mãos habilidosas? Então não construa uma casa sobre a areia mas na rocha, que é Jesus! Não há igreja ou obra missionária que não seja grata por ajuda, seja da forma que for. Entre os cristãos existem muitas capacidades enterradas porque ficamos preguiçosos demais e perdemos a coragem de servir. Muitos cristãos vivem sonolentos, desperdiçando seus dons, sem usar tudo aquilo que receberam do Senhor e que poderia contribuir tanto para a honra dele. Assim, muitas igrejas vivem no marasmo. Vamos imaginar cada filho de Deus usando plenamente todos os seus dons e talentos na obra do Senhor. Que força concentrada isso representaria na terra! Ao invés disso, muitas igrejas ficam atacando as outras. Vemos apenas as coisas que nos separam e gastamos muito tempo em batalhas na trincheira, enquanto o inimigo está lá fora. Sempre deveríamos colocar o Senhor Jesus no centro de nossos esforços conjugados. Aí nossa luta não será em vão.

Obras com fundamento

Em 1Coríntios 3.11-15 está escrito: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.

O fundamento dos crentes é Jesus Cristo. Esse fundamento está assentado sobre a graça de Deus. É um presente. Vamos fazer a comparação com uma casa. O fundamento está posto e é o mesmo para todos os cristãos. Mas agora cada um dos cristãos começa a edificar individualmente a sua casinha sobre esse fundamento. O que edificamos são as nossas boas obras. Aí nos perguntamos, curiosos: será que a casa vai aguentar as provações? Tormentas, enxurradas e até o fogo? Aqueles cuja obra permanecer são os que edificaram sobre o fundamento de Cristo e receberão recompensa no Tribunal de Cristo: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão” (2Coríntios 3.14; veja 2Timóteo 4.8). Porém, aquele cuja obra queimar, sofrerá dano (v. 15). Mas o fundamento permanecerá intacto. Ou seja, a salvação, que se firma sobre o fundamento e é sua base, não será perdida pelo cristão: “… mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (v. 15). Lembremos da comparação com a premiação do Oscar. O convite foi feito, irrevogavelmente. Estamos lá na festa, talvez nominados para algum prêmio, mas não recebemos nenhum. Porém, isso não fará com que nos expulsem do recinto. Naturalmente, precisamos ter cuidado com esse tipo de analogia, para não pensarmos de forma demasiadamente humana. Em relação a todas essas coisas que se referem ao futuro, precisamos ter em mente que tocamos uma área que supera em muito nossa capacidade de imaginação e desafia por completo toda a nossa lógica. Alguém poderia argumentar: “Tudo bem, estar lá já será ótimo. Por que almejar um Oscar? Participar ainda é melhor do que não ter sido convidado. O que importa é estar salvo!” Outro poderá ficar pensando: “Como deve ser terrível o Tribunal de Cristo, quando eu perceber que grande recompensa eu poderia estar recebendo e que me coube tão pouco!” Não sei como será realmente quando estivermos diante do Tribunal de Cristo, mas deveríamos ficar bem conscientes de que ali não será um lugar de juízo e castigo, mas de recompensa e premiação. Por outro lado, devemos ter em mente que poderá ser vergonhoso quando for revelado como desonramos o Senhor enquanto vivemos: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados” (1João 2.28). Alguém disse: “Quem exagera o aspecto triste do Tribunal de Cristo faz do céu o inferno. Quem negligencia o aspecto triste do Tribunal menospreza o valor da fidelidade”.

Como podemos receber galardão no Tribunal de Cristo?

Os apóstolos já se ocupavam com a questão: quem seria o maior e quem se assentaria à direita ou à esquerda do Senhor? (Mateus 20.20ss; Marcos 9.33ss). O homem é e continuará sendo egoísta e egocêntrico. Isso não é perceptível apenas nos discípulos daquela época, mas em todos, inclusive em nós. Seria tão bom se de fato levássemos a sério o que dizemos e cantamos com tanta facilidade. “Tudo, ó Cristo, a Ti entrego!” é mais uma frase piedosa do que um desejo sincero que vem do nosso coração. Em geral nossa preocupação primordial não é a glória de Deus, mas nosso próprio reconhecimento, nossa glória, honra e louvor. Tantas vezes nosso temor aos homens é tão maior que nosso temor a Deus!

Por que você quer mesmo ir para o céu? Há aqueles que desejam ir ao céu para não acabarem no inferno. Outros querem ir para o céu para reencontrar seu marido ou sua esposa que já faleceram. E existem aqueles que pretendem chegar ao céu para apanhar seu “Oscar”. Cada uma dessas três motivações é altamente egoísta. Será que alguém teria a gloriosa ideia de dizer: “Eu quero chegar ao céu para servir ao meu grande Deus e Salvador. Quero chegar ao céu para dizer ‘Muito obrigado!’ a Jesus”. A maior recompensa para nós é sermos salvos, termos a vida eterna e podermos ver Deus face a face. Tudo isso já está prometido a nós quando cremos no Filho de Deus ressurreto – é nosso e ninguém poderá tomá-lo de nós. Estaremos na premiação do “Oscar” e nosso “cartão de entrada” é o sangue derramado de Jesus! Mas as recompensas, que serão entregues diante do Tribunal de Cristo, são simbolizadas na Bíblia por meio de coroas (Tiago 1.12; 1Pedro 5.4; Apocalipse 3.11).

A coroa incorruptível

“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1Coríntios 9.24-27)

Como em uma luta na arena, nós também deveríamos empreender todos os esforços pela causa do Senhor. Não para receber alguma recompensa humana ou para nossa própria vanglória. Essa seria uma recompensa corruptível. Nossa luta espiritual é por uma coroa de vitória que não estraga nem se deteriora. Para isso vale a pena se preparar bem, exercitar-se de verdade e, bem motivados, empenhar-nos por uma coroa incorruptível, lançando mão de todos os nossos dons para servir o Senhor e cumprir nossa missão. Enquanto estivermos aqui na terra devemos estar dispostos a servir. E essa prontidão não ficará sem recompensa. Como já disse o Senhor Jesus a seus discípulos: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Marcos 10.43).

O exemplo do lutador

Um lutador, para voltar ao exemplo usado por Paulo, não irá se embriagar ou exagerar na comida pouco antes da luta. Ele se absterá do que lhe faz mal e priorizará uma alimentação saudável. Por que não fazemos igual? Abstinência. De quê? Das coisas sem valor, que só pesam e atrapalham – é ficar longe do pecado, que impede uma vida de santificação. No lugar delas, vamos nos alimentar de comida boa, espiritualmente saudável. O que é alimento espiritual para nós, cristãos? Não são barrinhas de cereal ou energéticos açucarados, mas a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus Cristo. Paulo estava convicto de que era imprescindível abrir mão de todas as coisas mundanas para conseguir uma coroa de vitória não-perecível, para receber pleno galardão e para, um dia, estar diante do Senhor servindo-o em posição privilegiada, “para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Coríntios 9.27).

A certeza da salvação não está em questão

Paulo não tinha qualquer dúvida acerca de sua salvação. Ele tinha a mais plena certeza – uma certeza que qualquer cristão pode ter. Ele não tinha receio acerca da garantia de sua salvação, mas estava cônscio do fato de que se pode perder o galardão. Assim, todas as exortações dentro desse assunto não são no sentido de cuidarmos para não perdermos a salvação, mas de estarmos atentos e empenhados em não perder a recompensa: “Ninguém se faça árbitro contra vós…” (Colossenses 2.18). A Bíblia de Estudo MacArthur diz: “Paulo adverte aos colossenses a não permitir que os falsos mestres os enganassem a respeito das bênçãos passageiras ou do galardão eterno…”. E o prêmio pela luta não tem relação com a salvação, e sim com as coroas, com a recompensa que receberemos no Tribunal de Cristo. “Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão” (2João 8). Portanto, é possível perder parte dele, e nessa perda, mais uma vez, não é a salvação que está em discussão. É a recompensa na eternidade. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Apocalipse 3.11).

Paulo também teve lutas como cada um de nós, mas podia dizer: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Coríntios 9.27). Como Paulo conseguia isso? Pelo poder do Espírito Santo. Ele se mantinha sempre ligado ao Senhor em oração, servindo-o com alegria. Dessa forma ele conseguia dominar seu corpo, impedindo que a carne assumisse o controle. Quanto mais você ora, quanto mais serve, quanto mais estuda as Escrituras – deixando o Senhor falar com você – menos tempo terá para ocupações inúteis ou pensamentos imorais. O Espírito Santo deseja transformar você. Quer transformá-lo na imagem do Senhor Jesus. A questão é: você dá lugar e reserva tempo para o Espírito Santo fazer Sua obra? A salvação é de presente. Não podemos dar nada ao Senhor em troca, pois jamais poderíamos pagar por ela (Hebreus 10.18). A única coisa que devemos ao Salvador, a única coisa que podemos trazer a ele é uma vida de consagração e de absoluta fidelidade, oferecendo nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12.1-2). Essa consagração, essa entrega de si mesmo, certamente não ficará sem retribuição.

Qual será a recompensa no Tribunal de Cristo?

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo; pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas” (Colossenses 3.23-25). Tudo para o Senhor! Quanto antes você começar a perseguir esse alvo, maior será sua herança!

Ainda que não saibamos exatamente como será a vida na presença de Deus, creio poder dizer que pelo menos uma das atividades será louvar e servir ao Senhor. “Quero ir para o céu para louvar e servir ao meu grande Deus e Salvador…” Sim, eu creio que esse é o rumo. Nossa recompensa poderia consistir em serviço a Deus. Mas será que iremos mesmo servir a Deus na eternidade? “Servir no céu? Então prefiro tocar harpa!”, dirão alguns. Calma, irmão! Vejamos Apocalipse 22.3: “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão”.

Quem são esses “servos de Deus e do Cordeiro” que O servirão?

São os salvos, que um dia estarão com o Senhor! Sendo assim, a maior alegria será de fato servir o Salvador. Esse serviço na eternidade não será serviço de escravo ou trabalho de servo no sentido comum. Nós serviremos a ele. De fato, somos chamados de servos, assim como somos chamados de sacerdotes e reis, irmãos e amigos de Jesus, bem como de filhos de Deus e herdeiros seus. Por exemplo, em Apocalipse 21.7 está escrito: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho”. A Bíblia diz ainda que iremos reinar com ele, pois conforme Apocalipse 22.5 os servos de Deus “reinarão pelos séculos dos séculos”. Esse reinado em conjunto com Cristo também é um serviço. Não reinaremos para nós mesmos mas para o Senhor e com o Senhor.

Atentemos: Apocalipse 22.4 fala que veremos sua face e que seu nome estará em nossa fronte. Seu nome, seu santo nome estará em nossa fronte. Isso demonstra que somos propriedade dele e que nada mais poderá nos separar do amor e da presença de Deus e do Cordeiro. Para todo o sempre somos Seus! Que privilégio poder servir na imediata presença do Deus santo e todo-poderoso Criador! Será no lugar que Apocalipse 21 descreve assim: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles… Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram”. Usufruir do agrado do Deus santo e todo-poderoso, fazer parte do seu círculo mais íntimo, ficar sempre perto do Salvador – isso tudo não é uma recompensa altamente desejável? Podemos dizer com convicção que este será um trabalho privilegiado, que Paulo almejava e que será motivo de alegria transbordante para cada um de nós. Será um servir cheio de satisfação, sem preocupações e sem privações – um serviço celestial no sentido literal da palavra. Mesmo não conseguindo compreender plenamente essa realidade com nosso raciocínio limitado, não haverá nada mais belo, e jamais teremos experimentado algo mais sublime do que estar na imediata presença de Deus, servindo e adorando a ele. Com palavras nunca conseguiremos exprimir nem descrever vagamente tudo aquilo que um dia experimentaremos e viveremos na presença de Deus. Não podemos nem imaginar o que realmente significará reinar com Ele, ser filhos e herdeiros Seus e estar servindo a ele para todo o sempre.

Um poderoso estímulo

O fato de que cada cristão estará diante de Deus no Tribunal de Cristo, prestando contas a Ele, deveria nos estimular a sermos fiéis e a direcionar as prioridades da nossa vida de acordo com a avaliação que nossos atos terão diante da eternidade. Não terão importância as belas palavras e os elogios proferidos junto à nossa sepultura. Importante será o que o Senhor nos dirá na hora do julgamento diante do Tribunal de Cristo, quando nosso Salvador pesará e avaliará nossas obras. Uma coisa é bem certa: nesse julgamento a alegria será preponderante, já que teremos parte na vida eterna e estaremos vendo o Senhor face a face, adentrando a indescritível glória eterna.

Tudo isso será motivo de alegria, júbilo e adoração: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança…” (1João 2.28). Diante de toda essa alegria indizível que espera por nós, enquanto andarmos aqui na terra animemos e incentivemos uns aos outros a servir ao Senhor de todo o coração e a sermos administradores fiéis, para que “dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda”. Louvado seja o Senhor por Seu amor e pela fidelidade que tem demonstrado para conosco. Queremos ser fiéis por amor Àquele que nos amou primeiro e que entregou tudo, mas tudo mesmo – por nós, por mim e por você! (1João 4.9-11,14-16,19).

Autor

  • Thomas Lieth

    Thomas Lieth nasceu em 1965 na Alemanha. Casado com Patricia, tem dois filhos e uma filha. Thomas é colaborador e pregador, completando seus estudos teológicos na Bibelschule Neues Leben, em Wölmersen, Alemanha. É um dos responsáveis pelo trabalho editorial da Chamada na Suíça.

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