A notícia do assassinato de Charlie Kirk ocupou as manchetes de jornais pelo mundo inteiro. Neste breve texto, algumas reflexões sobre o ocorrido são levantadas à luz da Bíblia.
Escrevo este texto no dia 11 de setembro, dia em que acordamos com a notícia da morte de Charlie Kirk em decorrência do tiro que levou. Eu acompanhava e admirava o ministério desse homem nas universidades norte-americanas. A partir de uma proposta aberta de debates, ele visitava universidades – com a autorização delas – e se propunha a debater com qualquer um sobre temas baseados em valores cristãos. Ele também advogava uma posição política de direita, sendo abertamente um apoiador do presidente Donald Trump.
Ao assistir a vários de seus debates, testemunhei que ele tinha uma postura clara, firme e apresentava fatos e opiniões com objetividade, apego à verdade e perspicácia. Em nenhum momento ofendia, gritava ou humilhava aqueles com quem debatia, até porque só debatia com ele quem quisesse, uma vez que ir até o microfone era algo voluntário.
Uma das suas declarações mais esclarecedoras é: “Quando o debate termina, a violência começa”. Ontem, ao debater em uma universidade norte-americana, ele foi alvejado por um atirador. O tiro atingiu seu pescoço e ele veio a falecer em seguida.

Inúmeras manifestações de apoio à família Kirk e lamentando a sua morte surgiram pouco tempo depois. Contudo, por incrível que pareça, também surgiram muitas manifestações celebrando e comemorando sua morte. Inclusive, o portal brasileiro G1 definiu Charlie Kirk como “ativista da extrema direita”, talvez dando a entender que sua morte seria justificada. Após repercussão negativa, o portal mudou a expressão para “ativista conservador”.
Como reagir diante disso? Como discípulo de Jesus, quais são os parâmetros para lidar com uma tragédia como essa? Deixe-me compartilhar aqui algumas considerações:
- Extremismo é usar de violência contra palavras. Posições não são extremas, muito embora possam estar certas ou erradas. Extremismo é quando alguém passa a defender suas posições com violência. Extremismo é quando, não conseguindo implementar suas ideias com palavras ou argumentos, alguém passa a agredir, calar ou até mesmo matar o outro. Charlie não era um extremista – ele tinha posições de direita. Pessoas podiam concordar ou discordar dele. Pessoas podiam debater ou se recusar a debater com ele. Algumas podiam até achar que suas posições destoavam das opiniões vigentes na sociedade. No entanto, ele nunca foi acusado de qualquer ato violento ou impositivo.
- O mundo jaz no maligno (1João 5.19). Não deveríamos ficar surpresos com esse tipo de atitude. O sistema vigente no mundo acompanha as diretrizes do Diabo. Isso não significa que tudo o que está no mundo é mal, mas que há uma corrente do mal que vai corromper muitos. Violência contra a fé cristã não é novidade; na verdade, tem sido a regra ao longo da história do cristianismo em muitos países. Hoje, estamos vivenciando um retorno dessa tendência no Ocidente.
- Seremos perseguidos (2Timóteo 3.12). Viver piedosamente significa viver buscando se alinhar com a vontade de Deus. O mundo odeia a verdade e odeia a piedade. Não é uma questão de lutar contra a opressão. Charlie não perseguia ninguém, mas manifestava uma posição cristã e convidava jovens a debater com ele. Quem não queria debater simplesmente podia seguir seu caminho. Ninguém era obrigado a ficar e ouvir suas posições. No entanto, a exposição da verdade enfurece pessoas que têm um compromisso com a mentira.
- Um novo padrão de sucesso (Filipenses 1.21). À primeira vista, podemos pensar que Charlie Kirk foi um tolo, desafiando jovens sem se preocupar com sua própria vida. Podemos pensar que sua missão fracassou, pois sua voz foi calada. Pelo contrário, assim como o apóstolo Paulo, para ele morrer era lucro. Não porque buscasse a morte, mas porque sua vida era totalmente dedicada a Cristo. Isso não diminui a tragédia, ou o luto de sua esposa e a saudade que seus filhos vão enfrentar. No entanto, como discípulos de Jesus, essa é nossa realidade. Quando nossa vida aqui acabar, entraremos na vida eterna com Deus, entraremos no “lucro”.
- Como ovelhas entre lobos (Mateus 10.16). Charlie não morreu por ser violento ou ofensivo. Também não foi morto por suas posições políticas. Ele morreu por ser odiado devido ao nome de Cristo. Toda vez que proclamamos a verdade, proclamamos Cristo, seremos odiados e correremos riscos. Ao longo dos últimos anos, acomodamo-nos aqui no Ocidente e passamos a assumir que podemos fazer as pazes com o mundo e conviver com as trevas sem sofrer represálias. Isso não é e nunca foi verdade, mas agora está ficando mais evidente em muitos lugares do mundo.
Oro por Erika, esposa de Charlie, por seus dois filhos, seus demais familiares e amigos. Oro para que o Espírito Santo traga consolo e esperança aos seus corações. Oro também por aquele que atirou contra ele. Oro para que ele venha a conhecer a verdade, se arrependa e conheça o Senhor Jesus, a quem Charlie tanto amava. Oro também para que mais e mais de nós sejamos tão claros e amorosos em nosso testemunho como Charlie Kirk foi.
Autor
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 26º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.
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